Almoço ou ruminância?
Os mais velhos adoram repetir a história de que o almoço em família é importante, porque as pessoas da família se confraternizam e trocam idéias enquanto estão na mesa, e a sesta que se segue seria um ótimo momento para todos juntos digerirem as palavras agradavelmente mastigadas durante a refeição.
Pois bem, esse final de ano fomos todos para a casa do meu avô, patriarca-mor da família.E com que gosto (ou desgosto, sei lá) constatei que todo aquele palavrório não passava de conversa para boi dormir! Enquanto se assistia ao jornal do meio-dia, que trazia numa freqüência irritante notícias sobre o maremoto no Índico, o que se via eram apenas ecos daquilo que os repórteres falavam.E tal podia ser estendido a todos os momentos de conversação coletiva do dia.Nem mesmo uma fagulha de idéia que tivesse um mínimo frescor de originalidade.As reuniões pareciam mesas redondas onde se repetia aquilo que se havia visto em jornais ou quaisquer outros meios de comunicação.Do outro lado, eu e outros amigos, todos na faixa dos 15 aos 24 anos, conversávamos toda sorte de bobagens e histórias com algum veio cômico.E tome crítica dos mais velhos...
E minha reação a elas foi além da saudável indiferença que nutrem os mais jovens pelos mais entrados em anos.Chegou mesmo ao desprezo e à revolta: por que eles acham ser mais inteligente ou mais maduro viver repetindo coisas que todos já sabem apenas para mostrar o quanto são bem informados e antenados no mundo? Bem melhor, digo, mil vezes melhor é ficar conversando amenidades e idiotices e se divertindo com elas do que passar por expediente tão irritante quanto a conversa "adulta" travada na sala de estar.Eles, sim, parecem crianças imaturas, engolfando informações como se tivessem uma ridícula e infantil necessidade de exibir sua pretensa cultura.Como diz um grande amigo meu, mais vale alguém profundamente superficial (desde que seja divertido) do que alguém superficialmente profundo.Esse tipo é o mais pedante e abjeto de todos.
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