quinta-feira, janeiro 20, 2005

Como escolher um ídolo


O culto à personalidade é tão disseminado através dos tempos e povos que creio ser algo inerente à nossa natureza.Sempre se acha alguém que não goste de algo, mas nunca encontrei alguém que não tivesse alguém por quem nutrisse apaixonada e sectária devoção.Todos temos pessoas a quem idolatramos por possuírem alguma característica de destaque, e como tê-la é passaporte imediato rumo à notoriedade, os alvos de idolatria são sempre pessoas famosas, em maior ou menor grau.

Me peguei então por esses dias fazendo essa pergunta a mim mesmo: quem é meu ídolo? Existe farto número de pessoas por quem nutro sincera admiração, desde pensadores e políticos a artistas e cientistas.Mas não consegui encontrar, em meio a essa gama de pessoas admiráveis, alguém que eu sinceramente idolatre.Pensei por alguns instantes se eu era algum representante sumamente anormal da humanidade, mas então lembrei-me daquele por quem tenho admiração incondicional e emocionada.

Meu ídolo, no entanto, é diferente dos demais.Os outros têm nomes, rostos, frases, obras e teses conhecidos e celebrados mundialmente, e em muitos casos têm até a intimidade vasculhada e escancarada perante os olhares de todos.Meu ídolo é um homem sem nome, sem rosto, sem profissão, completamente desconhecido de todos.Ninguém sabe que idade tem, se trabalha e em que trabalha, a rigor nem mesmo se sabe se era homem ou mulher.Pior, nem mesmo se sabe se ele/ela está vivo ou morto nesse exato instante.

Creio que as primeiras perguntas estejam sendo feitas: como pode alguém possuir um ídolo desconhecido, sobre quem não se sabe absolutamente nada? Quem é esse incógnito sem identidade sobre quem recaiu a minha veneração? E o que fez esse "famoso quem?" Para merecer tal distinção de minha parte?

O ato que o tornou merecedor da minha devoção não durou mais do que alguns minutos, mas durante aquele exíguo período de tempo ele foi o senhor dos olhares, o déspota das atenções de todo o mundo que se voltava para ele, atônito com sua proeza.Tornando realidade o adágio de Andy Wahrol, por quinze minutos saiu ele do completo anonimato para ser a pessoa mais famosa do mundo, para logo em seguida ser removido de volta à sua incógnita vida, não sem antes deixar profundamente sua marca na história da humanidade.Num mundo acostumado com pessoas que demoram anos para deixar feitos dignos de nota, ele precisou de apenas alguns minutos para atingir a imortalidade.Mais notável ainda: conseguiu fazê-lo sem que o planeta jamais soubesse nada a respeito de si.

Reconheço o mérito das categorias citadas anteriormente cujo brilhantismo no exercer equivale a passaporte automático para a notoriedade.Mas meu ídolo não precisou de nenhum talento especial para se tornar um ícone, um mito, bem mais digno de figurar nas camisas dos jovens do que aquele sujeitinho asqueroso de boina e barbicha, cujo ato mais relevante para o bem da humanidade foi haver sucumbido nos Andes bolivianos.Durante aqueles instantes, representou ele mais do que um talento: incorporou em si uma era, um século, a condição humana como um todo, em sua dramaticidade e esperança, se materializou na figura daquele sujeito absolutamente comum.Provável é que ele até tenha depois se arrependido de seu ato, creditando-o a um momento de insânia.Pouco me importa.Sua postura nos instantes que o arrancaram do anonimato e o catapultaram à fama é o que me faz quase ir às lágrimas quando me recordo, ou mesmo vejo as imagens.

Apresento-vos meu semideus: dele apenas sei a nacionalidade, chinesa.Conheço apenas uma foto, algumas imagens eternizadas num filme de poucos minutos.Porém o heroísmo louco e inconseqüente, a determinação com a qual bailou soberano diante da morte como um toureiro que ilude seu algoz, a audácia com a qual parecia brincar com uma força bem maior do que a possuída por ele próprio, sem nenhuma garantia, sem sequazes ou recrutas.Completamente só, não tendo outra arma com a qual encarar seus inimigos que não fosse a dignidade inata ao ser humano como indivíduo.

Há mais de quinze anos esse homem entrava para a história, simbolizando a força indomável e incoercível do indivíduo diante do maior aparato totalitário do planeta.E embora o sangue que manchou Tiananmen naquele fatídico 5 de junho não tenha trazido a redenção imediata, sei que ele não foi derramado em vão.A força dessa imagem é bem maior do que qualquer tirania concebida pelo gênero humano:


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