Série Reconstituições Históricas: Como seria... Se a revolução de 30 não houvesse acontecido?
Tentar imaginar como teria se desenrolado a história caso um ou outro fato crucial não houvesse acontecido, ou o fizesse de forma diferente, é talvez o exercício de futurologia mais ingrato de todos, pois não só dá uma visão de futuro como ainda altera o passado.Mas adoro fazer esse tipo de raciocínio, e por isso inauguro a série Reconstituições Históricas.
Entrando no tópico em questão, vou começar por discordar do senso geral: acredito ter bons motivos para acreditar que o Brasil estaria muito melhor sem a revolução e, por conseguinte, sem Vargas.Os nacionalistas de plantão e os socialistas de diversos matizes (que idolatram o ditador mesmo tendo sido duramente perseguidos por seu regime.Vá entender...) enfatizam que ele foi importante para a consolidação do progresso industrial brasileiro e que sem ele ainda seríamos um cafezal gigante.Todas essas opiniões são falsas.O café não era o carro-chefe da economia nacional porque essa era a vontade das oligarquias, mas pelo fato de ser a segunda mercadoria mais negociada do mundo à época, perdendo apenas para o petróleo.E o processo de industrialização já estava em andamento desde o final do século XIX, a um ritmo de crescimento constante.
Caso Vargas e sua corja de usurpadores não houvesse tomado o poder em 1930, a normalidade institucional teria sido preservada, o federalismo autêntico da época não seria solapado pelo centralismo ditatorial de Vargas, e descentralização administrativa aliada a normalidade institucional são reconhecidas alavancas para o desenvolvimento de uma nação.Além do mais, o processo de industralização brasileiro teria seguido sua marcha de acordo com a capacidade e a necessidade do mercado, não mediante decretos e planejamentos feitos por meia dúzia de burocratas e imposto de cima para baixo, baseado no saque tributário às entidades federativas, tradição nefasta do governo varguista que perdura até hoje.
Na Segunda Guerra, desde o início estaríamos com as potências aliadas, podendo aproveitar essa situação durante todo o conflito, algo que Vargas não fez, passando mais da metade da guerra a dedicar apoio velado ao Eixo a troco de coisa nenhuma.A troca do apoio pela CSN não teria sido feita porque a essa altura, caso o mercado brasileiro realmente precisasse, já teríamos usinas siderúrgicas, e em caso contrário, poderíamos comprá-las baratíssimas no final do conflito, quando a já duradoura aliança com os vencedores nos faria sócios de confiança a ponto de fazer bons contratos com os mesmos.
Apague, portanto, tudo de ruim que Vargas trouxe ao Brasil: centralismo, chantagem tributária, autoritarismo, restrições à economia e ao mercado de trabalho... Acrescente vinte e quatro anos de estabilidade institucional e autonomia federativa, aliadas a um processo continuado de industrialização baseado nas reais necessidades de mercado, sem entraves econômicos, terrorismo tributário ou CLT's para prender sindicatos e patrões em camisas de força... Temos aí o mesmo meio de cultura que fez os países desenvolvidos, e mais recentemente os tigres asiáticos, a darem saltos de desenvolvimento e qualidade de vida.
Como o golpe de 64 é derivado da instabilidade institucional datada do segundo governo Vargas, é razoável supor que ele não teria acontecido, e com isso não só perderíamos duas décadas de autoritarismo como ainda o fortalecimento do estabilishment intelectual esquerdista, responsável por essa pantomima de constituição ninfomaníaca por tributos que é a atual.Aliás, com alterações determinadas pelo transcorrer natural da história, a Constituição de 1891 ainda estaria em vigor.Perenidade das normas jurídicas é outra importante ferramenta de desenvolvimento.
Resumindo: tudo de bom que veio no governo Vargas aconteceu em outros países sem a necessidade de ditaduras, motivo pelo qual suponho que se daria aqui naturalmente.Por outro lado, toda a sua herança nefasta de autoritarismo, descaso pela autonomia federativa e pela estabilidade institucional que possibilitou a incursão golpista de 64, não existiria.Teríamos enormes possibilidades de estarmos bem melhores do que atualmente estamos.E se, afinal, tudo desse errado, sorriam: ao menos não teríamos que aturar militantes de ideologias totalitárias e assassinas serem enaltecidos em um filme como defensores da justiça e da liberdade.Livrar o país de Olga já seria motivo suficiente para desejar que a era Vargas jamais houvesse acontecido.
<< Home