Surpresa por cima de surpresa
Acabei de assistir ao debate na íntegra, e confesso que, apesar de não ser ovo, estou chocado. Ainda estou digerindo as surpresas dessa noite.
Primeiro: Lula partiu para o ataque sem cerimônia. Esqueceu até mesmo os rapapés tradicionais (dizer boa noite ao público, aos jornalistas, ao candidato, etc.). Eu esperava um Lula na defensiva, esperando o adversário partir pra cima para então posar de ultrajado.
A segunda surpresa é que Alckmin realmente veio com a faca nos dentes. Claramente preparado para bater com força, ao invés de ficar naquela lengalenga de "agenda propositiva". Esperava o Alckmin de sempre: bundão, hesitante, holístico, tentando passar ao público a imagem de administrador competente sem brilho pessoal. E foi uma estratégia acertada, pois essa imagem ele já passa mesmo sem dizer uma só palavra.
E a maior de todas as surpresas, com certeza, foi o comportamento dos jornalistas. Com dois lulistas empedernidos como Franklin Martins e Fernando Mitre entre a banca, já estava admitindo que, pelo menos naquele terceiro bloco o Apedeuta se sairia melhor. Mas eles resolveram bancar os imparciais, jogando casca de banana pros dois ou pra ninguém.
E o debate em si? Bom, foi uma verdadeira luta de boxe. Nos dois primeiros assaltos, Alckmin bateu forte, e Lula ficou aparvalhado, tentando revidar às cegas, e quanto mais fazia isso, mais abria a guarda para os cruzados do adversário. No intervalo do segundo para o terceiro assalto, parece que os técnicos do petista entraram em ação, e ele parou de dar tanta munição ao inimigo. Mas ainda assim não conseguiu desferir um golpe capaz de deixar o Chuchu tonto. Entraram alguns socos, mas nada que Alckmin não revidasse à altura.
No último round os dois demonstraram cansaço. Geraldo parecia consciente da vantagem obtida e tentava administrá-la. Lula estava receoso de tentar algo mais ousado e receber outro cruzado violento. Na única tentativa que fez, deu a chance do nocaute a Alckmin ao falar das privatizações. Abriu totalmente a guarda: o candidato do PSDB poderia ter falado nos contratos suspeitos do filho do presidente com a Telemar, sugerindo que, se Lula não gostava de privatização, o filho dele se aproveitou muito bem dela. Tivesse feito isso, Lula teria beijado a lona no ato!
A cena emblemática do debate aconteceu no final do segundo bloco, em que Lula pede, quase implora a Alckmin para fazer um debate mais centrado em propostas e menos em ataques. Ele realmente estava atordoado com a agressividade do tucano. Admitiu que estava perdendo e que naquele ritmo ia ser nocauteado.
Resumo: Alckmin foi arrasador nos dois primeiros blocos e venceu por pontos. Mas no finalzinho perdeu a chance de vencer por nocaute. Para Lula, não beijar a lona já foi lucro!
Primeiro: Lula partiu para o ataque sem cerimônia. Esqueceu até mesmo os rapapés tradicionais (dizer boa noite ao público, aos jornalistas, ao candidato, etc.). Eu esperava um Lula na defensiva, esperando o adversário partir pra cima para então posar de ultrajado.
A segunda surpresa é que Alckmin realmente veio com a faca nos dentes. Claramente preparado para bater com força, ao invés de ficar naquela lengalenga de "agenda propositiva". Esperava o Alckmin de sempre: bundão, hesitante, holístico, tentando passar ao público a imagem de administrador competente sem brilho pessoal. E foi uma estratégia acertada, pois essa imagem ele já passa mesmo sem dizer uma só palavra.
E a maior de todas as surpresas, com certeza, foi o comportamento dos jornalistas. Com dois lulistas empedernidos como Franklin Martins e Fernando Mitre entre a banca, já estava admitindo que, pelo menos naquele terceiro bloco o Apedeuta se sairia melhor. Mas eles resolveram bancar os imparciais, jogando casca de banana pros dois ou pra ninguém.
E o debate em si? Bom, foi uma verdadeira luta de boxe. Nos dois primeiros assaltos, Alckmin bateu forte, e Lula ficou aparvalhado, tentando revidar às cegas, e quanto mais fazia isso, mais abria a guarda para os cruzados do adversário. No intervalo do segundo para o terceiro assalto, parece que os técnicos do petista entraram em ação, e ele parou de dar tanta munição ao inimigo. Mas ainda assim não conseguiu desferir um golpe capaz de deixar o Chuchu tonto. Entraram alguns socos, mas nada que Alckmin não revidasse à altura.
No último round os dois demonstraram cansaço. Geraldo parecia consciente da vantagem obtida e tentava administrá-la. Lula estava receoso de tentar algo mais ousado e receber outro cruzado violento. Na única tentativa que fez, deu a chance do nocaute a Alckmin ao falar das privatizações. Abriu totalmente a guarda: o candidato do PSDB poderia ter falado nos contratos suspeitos do filho do presidente com a Telemar, sugerindo que, se Lula não gostava de privatização, o filho dele se aproveitou muito bem dela. Tivesse feito isso, Lula teria beijado a lona no ato!
A cena emblemática do debate aconteceu no final do segundo bloco, em que Lula pede, quase implora a Alckmin para fazer um debate mais centrado em propostas e menos em ataques. Ele realmente estava atordoado com a agressividade do tucano. Admitiu que estava perdendo e que naquele ritmo ia ser nocauteado.
Resumo: Alckmin foi arrasador nos dois primeiros blocos e venceu por pontos. Mas no finalzinho perdeu a chance de vencer por nocaute. Para Lula, não beijar a lona já foi lucro!
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