Por que ninguém intervêm?
Morgan Tsvangirari, candidato da oposição à presidência do Zimbábue, anunciou hoje que desiste de concorrer ao pleito depois de dezenas de partidários seus serem encontrados mortos país afora. O subsecretário de seu partido está preso, acusado de "traição", e o próprio Tsvangirai não passa um dia de sua campanha sem ser ameaçado por autoridades governamentais.
O Zimbábue já foi considerado o celeiro da África, grande produtor agrícola que freqüentemente doava alimentos a vizinhos castigados pela fome devido a secas, enchentes ou guerras. Há 28 anos governado por Robert Mugabe, um ditador insano com manias de perseguições, iniciou no começo dessa década um processo de reforma agrária radical, expropriando terras de fazendeiros, em sua maioria brancos, para, no mais polido e pomposo jargão de esquerda, fazer "justiça social".
Os resultados da reforma agrária e da "justiça social" zimbabuana são os seguintes: o país que antes era auto-suficiente em alimentos, exportava e ainda ajudar vizinhos em dificuldades, hoje não colhe sequer um quarto do necessário para satisfazer suas próprias necessidades alimentares. A economia está em frangalhos, corroída por uma inflação que esse ano deve bater na casa dos 200 000%. Faltam itens básicos nas prateleiras dos supermercados. Desesperados e sem perspectivas, os zimbabuanos fogem em massa do país, em direção à África do Sul, onde já são tão numerosos que motivam ondas de violência xenofóbica contra a sua presença. Mugabe, na melhor tradição conspiracionista, diz que é vítima de um complô das grandes potências para desestabilizar seu governo. Já disse que "só Deus" o retirará do poder e faz ouvidos de mercador a todos os apelos internacionais por democracia e racionalidade econômica. Opositores são ostensivamente intimidados, e mesmo assassinados. A ajuda humanitária enviada ao país foi suspensa no começo deste mês, e a pouca que chega se transforma em suprimentos para o exército e membros do Zanu-PF, o partido de Mugabe.
Não vou falar nada a respeito de reforma agrária porque a história está aí para provar a sua ineficiência: na melhor das hipóteses, torna o país que a adota importador de alimentos e subsidiador de agricultores improdutivos. Na pior, provoca fome generalizada. Quero mesmo chamar a atenção para a falta de intervenção direta das potências ocidentais. Por que elas não fazem nada efetivo?
Simples: se o fizerem, serão chamadas de "imperialistas" e "intervencionistas" e "neocolonialistas". Como não fazem nada, são chamados de omissos. Ou seja, as potências ocidentais estão sempre erradas. Ditadores insanos e corruptos, especialmente se forem não-brancos e adotarem chavões políticos e econômicos de esquerda, são sempre inocentes vítimas de conspirações que buscam acabar com suas políticas sociais.
Enquanto isso, o drama dos zimbabuanos se arrasta sem perspectiva de solução. Deixem que Mugabe conclua a sua obra e termine de destruir o país. Quero ver quem vai dizer que a culpa é do Ocidente... Ora, que ingenuidade, a minha. Claro que a culpa será sempre do Ocidente! Ditadores africanos com discurso anti-ocidental são inimputáveis perante a opinião pública internacional. Sempre o foram.
O Zimbábue já foi considerado o celeiro da África, grande produtor agrícola que freqüentemente doava alimentos a vizinhos castigados pela fome devido a secas, enchentes ou guerras. Há 28 anos governado por Robert Mugabe, um ditador insano com manias de perseguições, iniciou no começo dessa década um processo de reforma agrária radical, expropriando terras de fazendeiros, em sua maioria brancos, para, no mais polido e pomposo jargão de esquerda, fazer "justiça social".
Os resultados da reforma agrária e da "justiça social" zimbabuana são os seguintes: o país que antes era auto-suficiente em alimentos, exportava e ainda ajudar vizinhos em dificuldades, hoje não colhe sequer um quarto do necessário para satisfazer suas próprias necessidades alimentares. A economia está em frangalhos, corroída por uma inflação que esse ano deve bater na casa dos 200 000%. Faltam itens básicos nas prateleiras dos supermercados. Desesperados e sem perspectivas, os zimbabuanos fogem em massa do país, em direção à África do Sul, onde já são tão numerosos que motivam ondas de violência xenofóbica contra a sua presença. Mugabe, na melhor tradição conspiracionista, diz que é vítima de um complô das grandes potências para desestabilizar seu governo. Já disse que "só Deus" o retirará do poder e faz ouvidos de mercador a todos os apelos internacionais por democracia e racionalidade econômica. Opositores são ostensivamente intimidados, e mesmo assassinados. A ajuda humanitária enviada ao país foi suspensa no começo deste mês, e a pouca que chega se transforma em suprimentos para o exército e membros do Zanu-PF, o partido de Mugabe.
Não vou falar nada a respeito de reforma agrária porque a história está aí para provar a sua ineficiência: na melhor das hipóteses, torna o país que a adota importador de alimentos e subsidiador de agricultores improdutivos. Na pior, provoca fome generalizada. Quero mesmo chamar a atenção para a falta de intervenção direta das potências ocidentais. Por que elas não fazem nada efetivo?
Simples: se o fizerem, serão chamadas de "imperialistas" e "intervencionistas" e "neocolonialistas". Como não fazem nada, são chamados de omissos. Ou seja, as potências ocidentais estão sempre erradas. Ditadores insanos e corruptos, especialmente se forem não-brancos e adotarem chavões políticos e econômicos de esquerda, são sempre inocentes vítimas de conspirações que buscam acabar com suas políticas sociais.
Enquanto isso, o drama dos zimbabuanos se arrasta sem perspectiva de solução. Deixem que Mugabe conclua a sua obra e termine de destruir o país. Quero ver quem vai dizer que a culpa é do Ocidente... Ora, que ingenuidade, a minha. Claro que a culpa será sempre do Ocidente! Ditadores africanos com discurso anti-ocidental são inimputáveis perante a opinião pública internacional. Sempre o foram.
Marcadores: África, política internacional
<< Home