O julgamento da história
Você é daqueles que acha que a consagração da bandidagem e da mentira é o que de pior poderia acontecer ao país? Pois tenho más notícias: há algo ainda mais tenebroso. O julgamento da história.
E já que estamos falando de história, ninguém melhor que a dita-cuja para explicar. No início dos anos 30, uma Alemanha corroída pela depressão econômica depositou suas esperanças num movimento nacionalista que prometia recuperar o poder do Estado e a grandeza da nação, perdidos desde a proclamação da república de Weimar. O anti-semitismo e o totalitarismo vinham no pacote, mas a maioria resolver ver no que ia dar, e conduziu o nazismo ao poder, pela via legal e democrática.
Sobreveio a derrota na guerra e a revelação da enormidade dos crimes cometidos em nome daquele ideal no qual grande parcela da população depositou suas esperanças. Nos anos e décadas que se seguiram, fez-se ampla denúncia e expurgo da ideologia nazi. Mas houve um total silêncio quando se perguntava como aqueles caras conseguiram chegar ao poder pelo voto popular. A impressão que se tinha é que todos os alemães que elegeram Hitler e seus sequazes morreram ou perderam a memória. E da meia dúzia que admitiu ter participado disso tudo, não poucos manifestavam saudosismo em vez de expiação.
O que aconteceu?
Simples: depois de ficar óbvio o caráter criminoso do regime, os alemães foram acometidos de uma súbita vergonha de admitir que haviam tido lugar naquilo. Protegidos pelo sigilo do voto, negaram sua própria culpa, o que gerou o fenômeno inverso: como ninguém admitia o erro, optou-se por estendê-lo a toda aquela geração. A partir de então, mesmo o antinazista mais empedernido tinha sobre si pairando a dúvida acusadora. Por mais que provasse sua oposição ao regime, qualquer alemão que votou naquela época era culpado pela ascensão dos nazistas. E somente depois de coletivizar a culpa é que o povo alemão conseguiu se livrar desse legado. Todos resolveram assumir a responsabilidade, mesmo os opositores do nazismo.
Chegando finalmente ao ponto: o julgamento das eleições é efêmero. O julgamento da história, perene. Hoje o lulismo triunfa sobre uma montanha de votos. Mas haverá um amanhã. O lulismo enfrentará seu inevitável fracasso, confrontará seus fantasmas, e finalmente será sepultado. Daqui a quinze, vinte, trinta anos, será considerado vergonhoso ter votado ou contribuído de alguma forma pelo triunfo petista. E a grande massa silenciosa se esconderá através do anonimato. E a culpa, por falta de quem a assuma, estendida sobre os ombros de toda a nossa geração.
O pior de tudo, portanto, não é ter perdido a luta contra os petralhas. O pior ainda está por vir: ser por décadas a fio suspeito de ter sido conivente com o petismo. Assim como aqueles alemães carregarão por todo sempre a culpa pela ascensão hitlerista, nossa geração carregará para sempre a culpa de ter referendado o clepto-socialismo petista nas urnas. Por isso tomarei providências para guardar os arquivos deste blog, meus logs no msn e minhas fotos com minha camiseta anti-lula. Quero, ao menos, poder provar minha inocência. Não que me preocupe com o julgamento dos outros. Só desejo me redimir perante meus futuros descendentes.
E já que estamos falando de história, ninguém melhor que a dita-cuja para explicar. No início dos anos 30, uma Alemanha corroída pela depressão econômica depositou suas esperanças num movimento nacionalista que prometia recuperar o poder do Estado e a grandeza da nação, perdidos desde a proclamação da república de Weimar. O anti-semitismo e o totalitarismo vinham no pacote, mas a maioria resolver ver no que ia dar, e conduziu o nazismo ao poder, pela via legal e democrática.
Sobreveio a derrota na guerra e a revelação da enormidade dos crimes cometidos em nome daquele ideal no qual grande parcela da população depositou suas esperanças. Nos anos e décadas que se seguiram, fez-se ampla denúncia e expurgo da ideologia nazi. Mas houve um total silêncio quando se perguntava como aqueles caras conseguiram chegar ao poder pelo voto popular. A impressão que se tinha é que todos os alemães que elegeram Hitler e seus sequazes morreram ou perderam a memória. E da meia dúzia que admitiu ter participado disso tudo, não poucos manifestavam saudosismo em vez de expiação.
O que aconteceu?
Simples: depois de ficar óbvio o caráter criminoso do regime, os alemães foram acometidos de uma súbita vergonha de admitir que haviam tido lugar naquilo. Protegidos pelo sigilo do voto, negaram sua própria culpa, o que gerou o fenômeno inverso: como ninguém admitia o erro, optou-se por estendê-lo a toda aquela geração. A partir de então, mesmo o antinazista mais empedernido tinha sobre si pairando a dúvida acusadora. Por mais que provasse sua oposição ao regime, qualquer alemão que votou naquela época era culpado pela ascensão dos nazistas. E somente depois de coletivizar a culpa é que o povo alemão conseguiu se livrar desse legado. Todos resolveram assumir a responsabilidade, mesmo os opositores do nazismo.
Chegando finalmente ao ponto: o julgamento das eleições é efêmero. O julgamento da história, perene. Hoje o lulismo triunfa sobre uma montanha de votos. Mas haverá um amanhã. O lulismo enfrentará seu inevitável fracasso, confrontará seus fantasmas, e finalmente será sepultado. Daqui a quinze, vinte, trinta anos, será considerado vergonhoso ter votado ou contribuído de alguma forma pelo triunfo petista. E a grande massa silenciosa se esconderá através do anonimato. E a culpa, por falta de quem a assuma, estendida sobre os ombros de toda a nossa geração.
O pior de tudo, portanto, não é ter perdido a luta contra os petralhas. O pior ainda está por vir: ser por décadas a fio suspeito de ter sido conivente com o petismo. Assim como aqueles alemães carregarão por todo sempre a culpa pela ascensão hitlerista, nossa geração carregará para sempre a culpa de ter referendado o clepto-socialismo petista nas urnas. Por isso tomarei providências para guardar os arquivos deste blog, meus logs no msn e minhas fotos com minha camiseta anti-lula. Quero, ao menos, poder provar minha inocência. Não que me preocupe com o julgamento dos outros. Só desejo me redimir perante meus futuros descendentes.
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