quinta-feira, agosto 31, 2006

Paulo Polzonoff explica o governo Lula

Aquele que eu considero o melhor crítico literário do Brasil (embora ele tenha oficialmente abandonado a crítica profissional) também deu a sua opinião a respeito da escandalosa reeleição do governo mais corrupto e hipócrita da história "deste país". Eu ia colocar apenas o link, mas como provavelmente muitos iam ter preguiça de dar um simples clique, aí vai o texto completo:


Todo o meu nojo traduzido em poucas e confusas palavras - e saliva


Aqui de muito longe, de uma país onde as coisas funcionam e onde o Presidente, por mais idiota que seja, sempre dá entrevistas coletivas para esclarecer pontos obscuros do seu governo; aqui de muito longe, de um lugar onde se pode andar com laptop aberto no metrô e onde se pode andar na rua de madrugada sem medo; daqui de muito longe fico sabendo que Lula não só vai ser reeleito como também a aprovação do governo petista alcançou níveis estratosféricos.

Sinto pena do Brasil. E de mim também, porque, a não ser que eu decida lavar pratos aqui, hei de voltar para esta terra nojenta onde, em se roubando, tudo dá.
A desgraça maior do Brasil não é só quem o governa, e sim quem elege e aprova quem o governa. Desde o primeiro mandato de Lula tenho dito que o brasileiro merece cada um dos deputados que esquentam as cadeiras da Câmara. Assim como merece cada um dos juízes que vendem sentenças e todos os policiais que aceitam propina e todos os etcéteras que a isto se seguem, incluíndo o próprio Ignaríssimo.

Hoje fiquei sabendo que Wagner Tiso, ilustre compositor e petista cego, afirmou que apóia Lula e que não está nem aí para a ética. Mas por que eu ou alguém haveríamos de ficar escandalizados? Gilberto Gil faz parte do governo Lula. Cristóvão Buarque já fez. E até Ricardo Kotscho, figurinha querida, amada e idolatrada da imprensa, foi assessor do Planalto. Saiu quando a chapa começou a esquentar (ponto para ele), mas até agora não contou o que sabe. E alguém duvida que saiba?

Daqui a pouco vai surgir uma Pessoa Indignada para dizer que não, que eu estou errado, que ela, a Pessoa Indignada, é honesta e que está cansada disso tudo. É? Mas que tipo de atitude o cansaço pode gerar? Digo por experiência própria: nenhuma. Vivemos dias cínicos e a Pessoa Indignada, com seu cansaço e seus gritos de basta e suas passeatas vestindo camisetas brancas e suas campanhas por um Natal sem fome, sabe disso. Dias cínicos não combinam com nenhum tipo de boa intenção. Tudo é Mal. Não mau, veja bem, mas O mal.

É triste que Lula seja reeleito? É. Mas mais triste ainda é constatar que muitas das melhores pessoas acreditam que o modelo Lula é o ideal para o Brasil. Conheço algumas pessoas assim. Para elas, que moram em mansões com piscina em bairros nobres, a culpa é das elites. Só mesmo um governo socialista pode arrumar o Brasil. E toda a sujeira do governo Lula, para estas pessoas, é mentira da imprensa, uma reação das elites que estão percebendo as mudanças, mas que não as aceitam.

Tendo a concordar, em parte, com os ignaros de fraque. De fato nós, da elite, não aceitamos as mudanças que este governo não só propôs como instaurou no Brasil. Porque estas mudanças têm a ver com inversão de valores. Não é à toa que vivemos dias em que os bandidos são idolatrados – e, por ora, não me refiro aos de terno-e-gravata, e sim aos bandidos mesmo, de arma em punho e cocaína na cabeça.

A mudança que Lula e seus companheiros concretizaram no Brasil será a desgraça do país em muito pouco tempo. Um amigo me diz que o Brasil caminha para se tornar uma Colômbia. Rezo para que ele esteja certo. Porque acredito que o Brasil caminhe mesmo é para se tornar um Chade.

Daqui de muito longe, de um país que deu certo, apesar dos muitos problemas, fico tentando imaginar uma saída. Algo. Qualquer coisa. Uma palavra que tenha mais força do que o basta enfadado da Pessoa Indignada. Um ato revolucionário, embora esta palavra me dê calafrios. E tudo o que eu consigo imaginar, ou melhor, tudo o que eu consigo ver é o Brasileiro Típico, cuidando de sua vidinha, fazendo suas falcatruas, sonegando seus impostos, defendendo seus privilégios tolos, agradecendo ao Padim Padi Ciço pelos quinze reais que o Governo faz pingar em sua mão todos os meses.

O Brasileiro Típico, veja só, não tem classe econômica. Se há uma coisa que o Brasil conseguiu nivelar foi a miséria intelectual, que assola todas as classes. O que une um favelado a um banqueiro é o pensamento pequeno, minúsculo, microscópico nas coisas imediatas e, não raro, supérfluas.

Brasileiro é gentinha. Durante a eleição de 2002, este lado pequenininho da alma brasileira ganhou voz. Eu me lembro de quando Lula foi eleito e as pessoas diziam umas para as outras e de si para si: “Viu, ele chegou lá”. Nesta constatação há tantos equívocos… Para começar, Lula não chegou: foi chegado. Depois, está imbutido na idéia de um homem que, apesar de Tudo (e sem muito esforço), tornou-se Presidente do Brasil o produto de uma mentalidade nacional que me faz reverenciar ainda mais Monteiro Lobato: o conceito da eduçação pela vida.

Esta idéia poderia ser um conceito nobre, não tivesse sido contaminada pela onda que inverteu todos os valores. Ser educado pela vida e vencer, num país honrado, seria algo digno de aplausos. No Brasil, contudo, os que vencem pela vida, como Lula, tratam logo de perder tudo na vida – se é que me faço entendido. Não existe, por aí, a idéia da perpetuação do esforço e da vitória. Tudo se consome numa dezena de anos. E Lula é o melhor exemplo disso: por mais que tenha vencido na vida, é incapaz de traduzir esta vitória em algo de duradouro.

Falo de Lula, mas acho bom insistir na idéia de que Lula é só o sintoma de uma sociedade que o fez, o quer e o idolatra. É gente que vence na vida a qualquer custo. E que faz desta escalada a única razão da existência. Para que não reste dúvidas, esclareço que “a qualquer custo” significa, inclusive, roubar. Ou se omitir. Ou enganar. Ou trapacear. Ou bajular. Ou sonegar. Ou silenciar. Ou compactuar.

Aqui de muito longe, eu tenho pena do Brasil, mas não dos brasileiros. Leio nos jornais os horrores do Chade e, sinceramente, não sofro com a perspectiva de uma guerra civil ou de qualquer outra calamidade do mesmo tamanho. Quero dizer, parte do meu coração sofre pelas pessoas mais próximas e, óbvio, por mim mesmo, que faço parte deste trem desenfreado rumo ao abismo. Mas há uma outra parte que vê em qualquer desgraça a esperança de uma solução que reinstaure os valores perdidos. Para que, novamente, os bandidos sejam desprezados e os policiais sejam tratados como heróis. Como acontece, por sinal, neste lugar distante de onde falo.
E quando Lula morrer, quero deixar bem claro, vou cuspir no túmulo do canalha. Só para constar.


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