E a choradeira continua... Que saco!
Todo mundo aqui que já teve infância sabe disso: o diferente, o mais fraco, o mais estranho, o desconhecido, sempre são os alvos preferenciais de piadinhas e apelidos. E também sabe que chorar, espernear, fazer biquinho e chamar a mamãe é a pior atitude possível. Você só está comprovando o que todo mundo já desconfiava, que é insignificante e fraco, com uma auto-estima tão baixa que qualquer comentário ou referência jocosa, por pior que seja, te derruba.
Pois ao exercer o jus sperniandi com tanto afinco e devoção nas últimas semanas por conta de uma piadinha do presidente da Philips, meus conterrâneos só estão dando corda aos troçadores. Estamos provando que qualquer piadinha nos tira do sério e nos deixa fulos de raiva. Qual a graça de provocar quem está cagando para provocações? Claro que essa atitude de se mobilizar, de chorar e fazer beicinho, de bradar aos quatro ventos que existimos, que somos importantes, que somos os maiores produtores de mel, de cera de carnaúba, de castanha de caju e, vejam só, temos até a melhor escola do país! Somos relevantes seus porcos sulistas imundos! Brada a patuléia indignada.
Aqui cabe uma singela pergunta: e daí que somos os primeiros nessas coisas? Todo lugar é primeiro lugar em algo. Você sabia que Caralhodeasópolis do Leste tem as maiores reservas mundiais de zircônio? Ou que Findomundópolis do Sul é a maior produtora mundial de rebimbocas de parafusetas? Não sabia? Seu ignorante preconceituoso e racista! Respeite os caralhodeasenses e os findomundopolenses, seu cretino!
Mas o que me impressiona mesmo, como já impressionava Isaac Asimov décadas atrás, é como os méritos pessoais tendem a ser coletivizados na mesma medida que os fracassos e opróbrios sempre são privatizados. Sim, o Dom Barreto é uma excelente escola. Quantas no Piauí têm o mesmo padrão? Quem representa melhor o quadro educacional do nosso estado, a excelência de uma única escola ou as centenas de escolas públicas que funcionam em nível abissal de precariedade? Aliás, se somos mesmo tão fodões, por que estamos na rabeira de um país que nem é lá essas coisas? Somos o estado com maior número de crianças trabalhando do Brasil. Mas é claro que isso não é culpa nossa, e sim da elite sulista que nos esqueceu por séculos, do capitalismo internacional ou algo que o valha. É tipico do medíocre se apropriar das coisas boas que não fez e se recusar a fazer o mesmo com as ruins.
As pessoas me indagam estarrecidas: mas você não fica indignado com isso? Sinceramente, não. Ele ofendeu uma entidade geográfica chamada Piauí, na qual eu por acaso vivo. Ele não me ofendeu pessoalmente. E a desonra é personalíssima, já diz esse apanágio legal dos tempos d'antanho chamado Código Penal. Já imaginaram se todo americano se ofendesse quando alguém falasse mal dos Estados Unidos? Ou os suecos quando dizem que a Suécia é um país de depravados, ou os russos quando chamam a Rússia de pátria dos beberrões, ou os chineses quando alguém faz caretas de nojo ao saber que eles comem espetinhos de escorpião?
Eu não sou de lugar nenhum. Nasci aqui porque simplesmente tinha que nascer em algum lugar, e não me consta que seres humanas sejam concebidos e paridos de forma diferente em qualquer outro ponto da orbe terrestre (descartadas aquelas que dizem ter sido possuídas pelo Paráclito, mas aí trata-se de algo fora dos limites da razão). Minha pátria é o mundo, ou, restringindo mais o leque, qualquer lugar que me receba bem, me permita viver da maneira que eu bem entender e me possibilite viver com dignidade com o fruto do meu trabalho. Sou do mundo e da humanidade, e não do Brasil ou da raça branca.
Pois ao exercer o jus sperniandi com tanto afinco e devoção nas últimas semanas por conta de uma piadinha do presidente da Philips, meus conterrâneos só estão dando corda aos troçadores. Estamos provando que qualquer piadinha nos tira do sério e nos deixa fulos de raiva. Qual a graça de provocar quem está cagando para provocações? Claro que essa atitude de se mobilizar, de chorar e fazer beicinho, de bradar aos quatro ventos que existimos, que somos importantes, que somos os maiores produtores de mel, de cera de carnaúba, de castanha de caju e, vejam só, temos até a melhor escola do país! Somos relevantes seus porcos sulistas imundos! Brada a patuléia indignada.
Aqui cabe uma singela pergunta: e daí que somos os primeiros nessas coisas? Todo lugar é primeiro lugar em algo. Você sabia que Caralhodeasópolis do Leste tem as maiores reservas mundiais de zircônio? Ou que Findomundópolis do Sul é a maior produtora mundial de rebimbocas de parafusetas? Não sabia? Seu ignorante preconceituoso e racista! Respeite os caralhodeasenses e os findomundopolenses, seu cretino!
Mas o que me impressiona mesmo, como já impressionava Isaac Asimov décadas atrás, é como os méritos pessoais tendem a ser coletivizados na mesma medida que os fracassos e opróbrios sempre são privatizados. Sim, o Dom Barreto é uma excelente escola. Quantas no Piauí têm o mesmo padrão? Quem representa melhor o quadro educacional do nosso estado, a excelência de uma única escola ou as centenas de escolas públicas que funcionam em nível abissal de precariedade? Aliás, se somos mesmo tão fodões, por que estamos na rabeira de um país que nem é lá essas coisas? Somos o estado com maior número de crianças trabalhando do Brasil. Mas é claro que isso não é culpa nossa, e sim da elite sulista que nos esqueceu por séculos, do capitalismo internacional ou algo que o valha. É tipico do medíocre se apropriar das coisas boas que não fez e se recusar a fazer o mesmo com as ruins.
As pessoas me indagam estarrecidas: mas você não fica indignado com isso? Sinceramente, não. Ele ofendeu uma entidade geográfica chamada Piauí, na qual eu por acaso vivo. Ele não me ofendeu pessoalmente. E a desonra é personalíssima, já diz esse apanágio legal dos tempos d'antanho chamado Código Penal. Já imaginaram se todo americano se ofendesse quando alguém falasse mal dos Estados Unidos? Ou os suecos quando dizem que a Suécia é um país de depravados, ou os russos quando chamam a Rússia de pátria dos beberrões, ou os chineses quando alguém faz caretas de nojo ao saber que eles comem espetinhos de escorpião?
Eu não sou de lugar nenhum. Nasci aqui porque simplesmente tinha que nascer em algum lugar, e não me consta que seres humanas sejam concebidos e paridos de forma diferente em qualquer outro ponto da orbe terrestre (descartadas aquelas que dizem ter sido possuídas pelo Paráclito, mas aí trata-se de algo fora dos limites da razão). Minha pátria é o mundo, ou, restringindo mais o leque, qualquer lugar que me receba bem, me permita viver da maneira que eu bem entender e me possibilite viver com dignidade com o fruto do meu trabalho. Sou do mundo e da humanidade, e não do Brasil ou da raça branca.
Marcadores: nacionalismo, preconceito
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