Imagem que eu vi na transmissão de hoje: um torcedor implorando para que a geral do Maracanã (aquele espaço aonde as pessoas ficam em pé, e nem conforto, nem segurança são lá os fortes) não acabasse.Mais: os locutores da Globo falam da reforma que vai extinguir esse setor para criar um com cadeiras quase que como um apocalipse para o futebol carioca e brasileiro.Invariavelmente, reclamam que a modernização vai acabar com a "magia" dos estádios brasileiros, assim como a rigidez tática importada dos clubes europeus mata o talento, a "ginga" natural do jogador tupiniquim.
Como dizem muitos sociólogos, o futebol é um excelente espelho da sociedade brasileira.Essa fixação pela pobreza e apego ao improviso citados acima são uma mostra do quanto ainda precisamos mudar para fazer parte do mundo civilizado.E, para variar, os defensores da pobreza e do improviso estão completamente errados: é exatamente o "charme" da precariedade dos nossos estádios que tem feito as médias de público caírem tanto.Quanto ao rigor tático, enquanto nossos clubes e a seleção não se enquadraram no futebol moderno, baseado em tática e preparação física esmerada, ficaram anos sem ganhar nada: a seleção 24 anos sem título, e os clubes brasileiros com apenas dois mundiais e três libertadores em mais de vinte anos.Não é à toa que jogadores brasileiros preferem sair o quanto antes, nem que seja para países remotos: lá eles jogarão em clubes profissionais, com estádios impecáveis e equipes bem arrumadas taticamente.Por isso os campeonatos a nível estadual e nacional são tão ruins e pioram cada vez mais.
Qualquer paiseco da Europa Oriental ou do sudeste asiático tem estádios melhores, calendários mais racionais e clubes mais profissionais que os nossos.Enquanto nossa fixação pela pobreza e desprezo pela ortodoxia persistirem, jamais conseguiremos organizar campeonatos decentes, nem mesmo um país decente.
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