Rapidinhas
Sim, eu sei que esse blog já tá pegando poeira de tão abandonado, mas isso se deve a fatores externos. Minha vida tá uma confusão e uma indefinição só, mas ao que parece, vai ficar um pouco menos complicada hoje.
Confusão e indefinição estas que são os pilares da obra pequena, mas grandiosa do escritor Isaac Babel. Cavalaria Vermelha é uma coletânea de contos ambientada na guerra civil russa (1918-1922), especificamente nos combates na Polônia e na Bielorrússia. Poderia falar das épicas descrições dos combates, do delineamento ao mesmo tempo crítico e sentimental das comunidades judaicas da região (Babel era judeu ucraniano), ou na maneira poética com a qual ele trata dos sentimentos humanos num ambiente tão pouco propício ao exercício da individualidade como é a guerra. Carpeaux descreveu com exatidão: os contos de Babel são "fragmentos de uma epopéia despedaçada".
Mas o que ficou mais evidente para mim foi o paralelo entre meu momento atual de incertezas e temores e aqueles personagens que, em meio àquele conflito insano e infindável, sentiam o chão lhes faltar sob os pés e a visão turvar-lhes quando tentavam olhar à frente. Não havia espaço para planos ou expectativas. Vivia-se o agora, sempre sob a perspectiva amedrontadora de que o dia de amanhã viesse a aumentar ainda mais o rosário de privações pelos quais passavam. Posso sentir e compreender sua angústia de viver um presente interminável nutrindo a esperança de uma mudança futura que parece jamais chegar.
Guardadas as proporções, acho que posso, sim, saber como eles se sentiam. Travo uma guerra civil renhida e interminável dentro de mim. Uma guerra na qual estou sempre em desvantagem e nunca sou completamente aniquilado.
A Insustentável Leveza do Ser está aqui ao meu lado, esperando que eu termine os últimos contos que restam da Cavalaria. Vou finalmente matar uma vontade antiga.
Confusão e indefinição estas que são os pilares da obra pequena, mas grandiosa do escritor Isaac Babel. Cavalaria Vermelha é uma coletânea de contos ambientada na guerra civil russa (1918-1922), especificamente nos combates na Polônia e na Bielorrússia. Poderia falar das épicas descrições dos combates, do delineamento ao mesmo tempo crítico e sentimental das comunidades judaicas da região (Babel era judeu ucraniano), ou na maneira poética com a qual ele trata dos sentimentos humanos num ambiente tão pouco propício ao exercício da individualidade como é a guerra. Carpeaux descreveu com exatidão: os contos de Babel são "fragmentos de uma epopéia despedaçada".
Mas o que ficou mais evidente para mim foi o paralelo entre meu momento atual de incertezas e temores e aqueles personagens que, em meio àquele conflito insano e infindável, sentiam o chão lhes faltar sob os pés e a visão turvar-lhes quando tentavam olhar à frente. Não havia espaço para planos ou expectativas. Vivia-se o agora, sempre sob a perspectiva amedrontadora de que o dia de amanhã viesse a aumentar ainda mais o rosário de privações pelos quais passavam. Posso sentir e compreender sua angústia de viver um presente interminável nutrindo a esperança de uma mudança futura que parece jamais chegar.
Guardadas as proporções, acho que posso, sim, saber como eles se sentiam. Travo uma guerra civil renhida e interminável dentro de mim. Uma guerra na qual estou sempre em desvantagem e nunca sou completamente aniquilado.
A Insustentável Leveza do Ser está aqui ao meu lado, esperando que eu termine os últimos contos que restam da Cavalaria. Vou finalmente matar uma vontade antiga.
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