Estrada para a secessão
Antecipando-se ao triunfo do conchavismo cínico que se viu no senado na última quarta, o congresso do petê propôs uma singela medida: a pura e simples extinção do Senado Federal, afora a mais notória de convocar uma constituinte para reformar o sistema político e permitir, quem sabe, a volta da monarquia com o início da dinastia Lula, com Luis Inácio I como seu venerável soberano. Vocês podem estar se perguntando: e daí?
O Senado é uma instituição típica do sistema federativo. Sua função é exatamente garantir aos entes federados com menor população que não serão simplesmente dominados pelos entes com maior população e conseqüente maior representação no parlamento. Como lá todos os entes federados têm o mesmo número de representantes, garante-se que todo estado, por menor que seja, não terá suas demandas solapadas pela maioria dos estados dominantes.
Ou seja, se o país comprar a tese petista de que o Senado é desnecessário, eu vou ainda além: a União é desnecessária. Nosso federalismo que já é quase só fachada será definitivamente sepulto junto com a casa presidida por Renan Calheiros. E destruídas as últimas esperanças de fazermos um pacto federativo autêntico no Brasil, a própria nação como um todo é desnecessária. Nos transformaremos numa União Soviética tropical, um país continental e heterogêneo (embora não tanto quanto o antigo império comunista) regido pela mão pesada e centralizadora de um governo estabelecido no centro do país, onde cidadania é apenas uma idéia vazia e todos são meros súditos do avassalador poder central.
Concluindo: desaparecendo o Senado, a União e esse estado soberano chamado Brasil simplesmente perdem a razão de existir. Está cada vez mais claro que não conseguimos funcionar como uma federação? Às armas, cidadãos, pela independência de seus estados e regiões. Aos estados presos aos grilhões de um governo centralizador, não resta outra alternativa. Claro que isso teria que partir dos estados mais ricos e mais populosos, pois eles são o eixo de sustentação do poder central. As forças armadas, sistematicamente enfraquecidas e enxovalhadas pelos últimos governos civis, estão combalidas demais para fazerem frente à sublevação do coração econômico do país. E um dominó provocaria a queda dos demais numa reação em cadeia. E nem seriam necessários banhos de sangue. O Brasil desabaria como uma fruta podre, exatamente como a antiga pátria do socialismo. E quem sabe alguns estados não conseguissem entrar na rota que leva ao primeiro mundo, uma vez libertos da necessidade de sustentar milhares de municípios inviáveis através do hediondo expediente dos repasses...
Se por uma dessas mórbidas surpresas do destino essa constituinte para a reforma política e extinção do Senado se tornar realidade, compre armas, balas e comece a treinar, cidadão. Quando chegar a esse ponto, ou nós acabamos com o Brasil ou o Brasil acabará conosco
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