Lula é uma foca equilibrista
Essa semana estive envolvido em uma discussão a respeito do petismo, e o que deu para notar em todos os debatedores foi o pouco caso que fazem do governo do dedete. À exceção de uma mulher que destacou o "sucesso e boa imagem que o Lula tem lá fora, diante dos supremos mandatários do mundo".
Se toda rasgação de seda diplomática fosse autêntica, o mundo teria duzentas e poucas pontências extremamente relevantes regional ou mundialmente falando. Como sabemos que esta não é a realidade, podemos passar à frente sem maiores dificuldades. Mas que as bazófias diplomáticas inebriam o presidente e os brasileiros, isso é fato. Tenho, no entanto, outra explicação para o sucesso lulista.
Ele acontece pelo mesmo motivo que nos leva a aplaudir entusiasticamente focas equilibristas que conseguem fazer maravilhas empinando uma bolinha na boca. Nós realmente achamos interessante e incrível que um animalzinho de inteligência a princípio tão diminuta possa executar prodígios como aquele. Só que isso não significa dizer que consideramos a foca mais inteligente e habilidosa do que um ser humano normal. Sabemos que com um pouco de treino e coordenação motora, qualquer um de nós pode superar a foca com larga vantagem.
O problema é que o povo aqui do Bananão está convencido de que, se a foca consegue ser tão aplaudida, ela tem capacidade de administrar o circo melhor do que o próprio dono, afinal este não recebe apupos entusiásticos da platéia. Só que a coitada da foca não tem capacidade intelectual para tanto. O público se encanta com as coisinhas graciosas e exóticas que ela faz, mas ninguém em sã consciência acredita que ela se equipara a um ser humano apenas por ser aplaudida. É assim que os estrangeiros encaram Lula: uma foca equilibrista capaz de fazer números fofos e bonitinhos, mas incapaz de executar qualquer tarefa com um nível minimamente superior de complexidade. Desde os primórdios da colonização, o mundo civilizado sempre se encantou com o exotismo (e por que não a bizarrice), de nossos animais e nossos aborígenes, passando pela nossa música e agora chegando ao nosso presidente. Eles aplaudem e adoram a esquisitice, não o pretenso mérito que nós possuímos. Araras multicoloridas, índios enfeitados, tambores frenéticos e presidentes lamuriosos e bravateiros são admirados por lá não por terem alguma qualidade em si, mas por serem coisas que eles não têm e nem sonham ter por lá.
Nós deveríamos tentar nos tornar ocidentais, deixar de ouvir música ruim só por ser nativa e fingir que temos índios vivendo em estado pré-colombiano quando sabemos que, sem serem inseridos na civilização, eles estão mesmo é morrendo de fome. E sobretudo defenestrar os populistas. Se sentíssemos falta de seu exotismo apapagaiado e fanfarrão, poderíamos trazer algum tiranete africano para dizer algumas bravatas e matar nossa nostalgia. Acreditem, não precisamos ouvi-las todos os dias. Algumas vezes por ano, e vindas da boca de estrangeiros, já é mais do que suficiente.
P.S. O Edu Levy havia dito que o Lula é um erro de concordância. Essas minhas observações devem oferecer mais uma interpretação para o fenômeno do Molusco Cefalópode (Lula é politicamente incorreto para com esses lindos animaizinhos).
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