Melancholy of the Things Past
Hoje me entreguei a um passatempo ao mesmo tempo fútil e valioso: relembrar.
Nestes tempos de MSN, ninguém mais deve lembrar do IRC, que há coisa de dois ou três anos era o que havia em matéria de chat (reinava junto com o ICQ). Comecei a freqüentar chats exatamente nesta época, e durante uns dois anos fiz amizades e inimizades a um ritmo nunca antes e desde então jamais equiparado. Por preciosismo, ou simplesmente por ser um historiador nato, guardei e guardo todos os logs importantes.
Esta noite, sem ter o que fazer, resolvi dar uma fuçada nos arquivos. Passei umas boas três horas lendo conversas datadas de um período que vai de 2002 a 2004. Parece ser pouco tempo, mas no ritmo em que as coisas aconteceram na minha vida nesse ínterim, a mim parece que tudo aquilo ocorreu há décadas. Acho que devido ao fato de eu me sentir um pouco velho aos 22 anos de idade. Ao olhar e analisar tudo com a imparcialidade fria que apenas a distância temporal pode proporcionar, percebo que coisas como amor, ódio, decepção, esperança, frustração, felicidade, o implacável moinho do tempo converte em uma suave e tenra melancolia. O que antes era sensação arrebatada está fadado a se tornar recatada nostalgia.
O que me fez remeter à obra de Marcel Proust. O título em inglês de sua principal obra não seguiu ao pé da letra a tradução do original A La Recherche du temps perdú. Por outro lado, Remembrances of the things past traduz melhor o espírito da obra do que o português Em busca do tempo perdido, que segue mais ao pé da letra o título original. Aliás, Melancholy of the things past cairia ainda melhor.
Quando se está meio perdido, nada como evocar amigos e amores do passado.
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