Tem gente que defende uma intervenção armada na Venezuela. Aí eu pergunto: para quê? Para criarmos mais um mártir para a causa? Para o governo Chávez passar para nossos livros de história (que são cartilhas introdutórias ao esquerdismo) como o condutor de uma grandiosa experiência socialista cruelmente abortada pelas elites lacaias do imperialismo americano?
Não, muito obrigado. Eu acredito que os povos têm de arcar com as conseqüências de suas escolhas. Chávez entrou para a vida pública venezuelana ao chefiar uma tentativa malograda de golpe de Estado (qualquer semelhança com um certo austríaco não é mera coincidência). O que o povo venezuelano esperava? Que um golpista iria respeitar as regras do jogo democrático?
Eles conduziram um golpista notoriamente autoritário ao poder. Se deixaram embriagar pelo populismo barato de Chávez e ajudaram-no a solapar as instituições democráticas do país. Demonstraram estar dispostos a perder a liberdade e se tornarem meros objetos à disposição do Estado em troca de um assistencialismo medíocre. E agora tem gente querendo que forças estrangeiras salvem os venezuelanos daquilo que eles mesmos construíram para si?
O melhor a se fazer é deixar Chávez construir sua ditadura socialista com pinceladas de caudilhismo populista, bem ao gosto das massas ignaras de nosso tão padecido subcontinente. Quem entregou a sua liberdade nas mãos de um tirano merece sofrer as conseqüências. A Venezuela tem é que mergulhar no autoritarismo e na pobreza de uma ditadura socialista para aprender a valorizar a democracia e a liberdade. Por que a Europa Oriental e o leste asiático não querem mais saber de socialismo? Porque sofreram na própria carne suas conseqüências. A América Latina precisa disso também. E o povo da Venezuela se sujeitou ao papel de cobaia. Que sofram, pois!
Votaram? Agora agüentem!