segunda-feira, outubro 30, 2006

O julgamento da história

Você é daqueles que acha que a consagração da bandidagem e da mentira é o que de pior poderia acontecer ao país? Pois tenho más notícias: há algo ainda mais tenebroso. O julgamento da história.


E já que estamos falando de história, ninguém melhor que a dita-cuja para explicar. No início dos anos 30, uma Alemanha corroída pela depressão econômica depositou suas esperanças num movimento nacionalista que prometia recuperar o poder do Estado e a grandeza da nação, perdidos desde a proclamação da república de Weimar. O anti-semitismo e o totalitarismo vinham no pacote, mas a maioria resolver ver no que ia dar, e conduziu o nazismo ao poder, pela via legal e democrática.


Sobreveio a derrota na guerra e a revelação da enormidade dos crimes cometidos em nome daquele ideal no qual grande parcela da população depositou suas esperanças. Nos anos e décadas que se seguiram, fez-se ampla denúncia e expurgo da ideologia nazi. Mas houve um total silêncio quando se perguntava como aqueles caras conseguiram chegar ao poder pelo voto popular. A impressão que se tinha é que todos os alemães que elegeram Hitler e seus sequazes morreram ou perderam a memória. E da meia dúzia que admitiu ter participado disso tudo, não poucos manifestavam saudosismo em vez de expiação.


O que aconteceu?


Simples: depois de ficar óbvio o caráter criminoso do regime, os alemães foram acometidos de uma súbita vergonha de admitir que haviam tido lugar naquilo. Protegidos pelo sigilo do voto, negaram sua própria culpa, o que gerou o fenômeno inverso: como ninguém admitia o erro, optou-se por estendê-lo a toda aquela geração. A partir de então, mesmo o antinazista mais empedernido tinha sobre si pairando a dúvida acusadora. Por mais que provasse sua oposição ao regime, qualquer alemão que votou naquela época era culpado pela ascensão dos nazistas. E somente depois de coletivizar a culpa é que o povo alemão conseguiu se livrar desse legado. Todos resolveram assumir a responsabilidade, mesmo os opositores do nazismo.


Chegando finalmente ao ponto: o julgamento das eleições é efêmero. O julgamento da história, perene. Hoje o lulismo triunfa sobre uma montanha de votos. Mas haverá um amanhã. O lulismo enfrentará seu inevitável fracasso, confrontará seus fantasmas, e finalmente será sepultado. Daqui a quinze, vinte, trinta anos, será considerado vergonhoso ter votado ou contribuído de alguma forma pelo triunfo petista. E a grande massa silenciosa se esconderá através do anonimato. E a culpa, por falta de quem a assuma, estendida sobre os ombros de toda a nossa geração.


O pior de tudo, portanto, não é ter perdido a luta contra os petralhas. O pior ainda está por vir: ser por décadas a fio suspeito de ter sido conivente com o petismo. Assim como aqueles alemães carregarão por todo sempre a culpa pela ascensão hitlerista, nossa geração carregará para sempre a culpa de ter referendado o clepto-socialismo petista nas urnas. Por isso tomarei providências para guardar os arquivos deste blog, meus logs no msn e minhas fotos com minha camiseta anti-lula. Quero, ao menos, poder provar minha inocência. Não que me preocupe com o julgamento dos outros. Só desejo me redimir perante meus futuros descendentes.

sábado, outubro 28, 2006

Constatação (e conselho)

É ótimo, delicioso, participar de joguinhos amorosos quando você não está apaixonado.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Notícias que adocicam minha vida

Wellington Dias não descarta colocar o PFL no governo


Traduzindo para a esmagadora maioria dos meus leitores que não é piauiense, nem mesmo nordestina: Wellington Dias é o governador petista do nosso estado, reeleito no primeiro turno. Por ter feito um bom governo? Claro que não. O governo, aliás, consegue ser pior que os seus medíocres antecessores. Só que ele deu uma isenção de impostos polpudíssima ao homem mais rico do estado, que o elegeu, bem como o próprio filho ao senado, com votação estrondosa. Com o uso descarado da máquina e a dinheirama farta do novo aliado (há bem pouco tempo os petistas o consideravam uma besta-fera. Hoje posam ao seu lado sorridentes), compraram todas as lideranças, inclusive as do PFL, a quem historicamente o PT sempre fez ferrenha oposição.


Por que a notícia me deixa tão feliz? Porque muita gente votou nele achando que estava ajudando a expurgar a "oligarquia pefelista" do poder. O governador comprou o apoio de todos na surdina, não falou nada e deixou os otários votarem nele achando que estavam ajudando a derrubar quem na verdade vai se locupletar ainda mais de sinecuras e privilégios. Passada a eleição, chegou a hora de admitir a aliança espúria e colocar um enorme nariz de palhaço na massa de ingênuos que acreditou numa quimera.


E querem saber do que mais? Eu acho muito bem feito! Quem mandou acreditarem em petista? Vão remoer pelos próximos quatro anos o logro do qual foram vítimas. Falta de aviso é que não foi.

quinta-feira, outubro 19, 2006

É o contexto, estúpidos!

Logo que começou a campanha do segundo turno, a petralhada vêm batendo na tecla de "comparação de resultados", exibindo uma penca de números que provariam que o governo petista é melhor e mais competente que o governo tucano que o precedeu.


Não me sinto confortável na posição de defender o Partido dos Social-Democratas Bobocas, mas o nível de ignorância e desonestidade intelectual dos petistas me dá nos nervos. Eles não se pejam em enxovalhar qualquer área do conhecimento que seja para enganar os incautos. A vítima da vez é a estatística: aproveitando-se do fato do brasileiro ser péssimo de conta, cruzam e comparam uma série de dados para concluir no final que "números são incontestáveis", "contra números não há argumentos". Imbecilidades que só podem ser ditas por quem jamais teve algum contato com a ciência estatística.


Há uma anedota no meio matemático que ilustra bem o quão idiota é essa crença cega em uma pilha amorfa de dados: um cientista alemão tentava explicar a queda na taxa de natalidade alemã. Então ele cruzou as taxas de fertilidade no país durante trinta anos com a população de cegonhas existentes em território alemão durante o mesmo período, e... voilà! As duas eram perfeitamente compatíveis: decresciam a taxas praticamente idênticas. Qual a conclusão lógica e incontestável à qual levava o estudo? As crianças realmente são trazidas pelas cegonhas!!!!!!!!!!!


O exemplo é tolo, claro, mas não por acaso: o objetivo era exatamente demonstrar como era possível chegar a conclusões estapafúrdias e sem nexo com base em estatísticas perfeitamente fidedignas e verdadeiras. O que, aliás, não é nenhuma novidade para quem tomou algum contato com filosofia. Também nela é possível chegar a uma conclusão falsa a partir de afirmações verdadeiras. Aqui vai um exemplo:


(1)Peixes vivem na água
(2)Baleias não são peixes
Conclusão: Baleias não vivem na água


Tanto a afirmativa 1 quanto a 2 são verdadeiras e facilmente comprováveis. E por que levam a uma conclusão falsa? Por que foram relacionadas de forma simplista; simplesmente ignorou o fato igualmente comprovado de que não apenas peixes vivem na água, algumas espécies de mamíferos também o fazem, dentre eles a baleia. Bastou incluir mais dados e a fantasia desmoronou.


Estou pensando em me dar ao trabalho de refutar um a um os sofismas estatísticos petralhistas. Algo me diz que tenho o dever moral de fazê-lo. Mas estou muito atarefado, e minha vida anda interessante demais para que eu perca tempo com miudezas como o futuro do Brasil. A Dona da Minha Cabeça* é muito mais digna de minha atenção que o futuro de 184 milhões de pessoas que eu nem conheço.


*Quem é ela? Talvez em breve eu diga. Por enquanto, deixa quieto.

domingo, outubro 08, 2006

Surpresa por cima de surpresa

Acabei de assistir ao debate na íntegra, e confesso que, apesar de não ser ovo, estou chocado. Ainda estou digerindo as surpresas dessa noite.


Primeiro: Lula partiu para o ataque sem cerimônia. Esqueceu até mesmo os rapapés tradicionais (dizer boa noite ao público, aos jornalistas, ao candidato, etc.). Eu esperava um Lula na defensiva, esperando o adversário partir pra cima para então posar de ultrajado.


A segunda surpresa é que Alckmin realmente veio com a faca nos dentes. Claramente preparado para bater com força, ao invés de ficar naquela lengalenga de "agenda propositiva". Esperava o Alckmin de sempre: bundão, hesitante, holístico, tentando passar ao público a imagem de administrador competente sem brilho pessoal. E foi uma estratégia acertada, pois essa imagem ele já passa mesmo sem dizer uma só palavra.


E a maior de todas as surpresas, com certeza, foi o comportamento dos jornalistas. Com dois lulistas empedernidos como Franklin Martins e Fernando Mitre entre a banca, já estava admitindo que, pelo menos naquele terceiro bloco o Apedeuta se sairia melhor. Mas eles resolveram bancar os imparciais, jogando casca de banana pros dois ou pra ninguém.


E o debate em si? Bom, foi uma verdadeira luta de boxe. Nos dois primeiros assaltos, Alckmin bateu forte, e Lula ficou aparvalhado, tentando revidar às cegas, e quanto mais fazia isso, mais abria a guarda para os cruzados do adversário. No intervalo do segundo para o terceiro assalto, parece que os técnicos do petista entraram em ação, e ele parou de dar tanta munição ao inimigo. Mas ainda assim não conseguiu desferir um golpe capaz de deixar o Chuchu tonto. Entraram alguns socos, mas nada que Alckmin não revidasse à altura.


No último round os dois demonstraram cansaço. Geraldo parecia consciente da vantagem obtida e tentava administrá-la. Lula estava receoso de tentar algo mais ousado e receber outro cruzado violento. Na única tentativa que fez, deu a chance do nocaute a Alckmin ao falar das privatizações. Abriu totalmente a guarda: o candidato do PSDB poderia ter falado nos contratos suspeitos do filho do presidente com a Telemar, sugerindo que, se Lula não gostava de privatização, o filho dele se aproveitou muito bem dela. Tivesse feito isso, Lula teria beijado a lona no ato!


A cena emblemática do debate aconteceu no final do segundo bloco, em que Lula pede, quase implora a Alckmin para fazer um debate mais centrado em propostas e menos em ataques. Ele realmente estava atordoado com a agressividade do tucano. Admitiu que estava perdendo e que naquele ritmo ia ser nocauteado.


Resumo: Alckmin foi arrasador nos dois primeiros blocos e venceu por pontos. Mas no finalzinho perdeu a chance de vencer por nocaute. Para Lula, não beijar a lona já foi lucro!

quinta-feira, outubro 05, 2006

Novo espaço

A partir da semana que vem vocês poderão me ver dando pitaco no portal de notícias piauienses 180graus, ao lado de algumas figuras conhecidas do jornalismo piauiense como Zózimo Tavares. Claro que eu não terei a liberdade total de falar sobre absolutamente tudo que tenho aqui no blog, por isso publicarei lá opiniões sobre temas de grande amplitude, enquanto aqui serei mais impulsivo e sincero, além de abordar uma grande quantidade de assuntos que lá não podem ser abordados.


Como suspeito que a esmagadora maioria dos meus leitores não é piauiense, aproveitem para dar uma olhadinha no resto do site e conhecer um pouco mais sobre esta parte longínqua, tórrida e malsinada do Brasil na qual quis o acaso que eu nascesse e crescesse (e na qual não pretendo construir uma vida, que fique bem claro).

segunda-feira, outubro 02, 2006

De volta

Em primeiro lugar, meu final de semana sem participar da tal "festa da democracia" (veja se pode prestar uma festa que não tem bebida alcoólica?), foi muito bom. De vez em quando eu vinha dar uma olhadinha nos resultados. No meio em que eu estava havia poucos Alckimistas (e eu não era um deles, que fique bem claro), mas percebi um alívio geral de todos ao saber que a disputa iria para segundo turno.


Fazendo um balanço resumido, acho que podemos dizer que a oposição foi a grande vencedora deste primeiro turno. O PSDB ganhou os dois maiores estados logo no primeiro turno, está caminhando a passos largos rumo à vitória no Rio Grande do Sul e Geraldo já começa a vislumbrar a rampa do Planalto, ainda de longe. A eleição que estava perdida há vinte dias de repente se mostra cada vez mais provável. O PFL sentiu a perda da Bahia, grande reduto eleitoral do partido por décadas, mas engordou sua bancada no Senado e ficou do mesmo tamanho na Câmara, ou seja, se fortaleceu a nível legislativo.


Já o Partido da Trapaça mais uma vez não ganhará nenhum estado relevante. Pior, foi alijado da maioria das disputas ainda no primeiro turno, e até mesmo Eduardo Suplicy, que tem fama de honesto e respeitável, teve sua eleição ameaçada (ou seja, o PFL paulista ganhou hoje uma vaga para o senado em 2010). Aqui no Piauí elegeu-se da mesma forma que os antigos: aliciando lideranças e comprando votos a granel. Vimos novos políticos adotando as práticas nojentas dos antigos.


A partir de agora, não há mais espaço para tergiversações. É forçoso reconhecer a polarização e se posicionar em um dos pólos: lulistas e anti-lulistas. O voto em Alckmin no primeiro turno era um voto de simpatia aos tucanos, e por isso não votaria nele mesmo se tivesse viajado. Mas agora a história é outra: Alckmin representa a única esperança de nos livrarmos de mais quatro anos de lulismo. O voto nele agora representa, mais do que aprovação ao PSDB, o repúdio a Lula.


Exatamente por isso que desta vez eu não me eximirei. Já estou poupando o da passagem e não há festa no mundo que me impeça de dar o meu recado. Não só votarei no chuchu como farei campanha para ele. E os precedentes falam por si: nas grandes eleições que ocorreram esse ano na América Latina, esquerdistas populistas nadaram de braçadas nas pesquisas até sentirem cãimbras na reta final e morrerem afogados ao chegar na praia. Ollanta Humala no Peru e López Obrador no México se sentiram eleitos e terminaram derrotados. A zebra deu uma passadinha pelos lados de cá do Atlântico no começo do ano e parece que gostou tanto que resolveu esticar sua estadia até o final de outubro...


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