sábado, outubro 29, 2005

Elogio à burrice

Que inteligência seja algo importante numa parceria afetiva não se contesta. É ótimo ter ao seu lado alguém com grande desenvoltura intelectual, além do que uma parceira inteligente não te faz passar vergonha nas rodinhas mais intelectualizadas que você freqüenta. Não precisa inventar mil desculpas para não levá-la nos programas conjuntos e não te faz cobiçar a namorada intelectual do seu amigo. Mas questiono-a enquanto fator fundamental num relacionamento: às vezes, a burrice, longe de ser um repelente, é um aperitivo.

Ano passado, do alto de meus vinte e um anos de idade, tive uma relação passageira com uma garota de treze. Isso mesmo, trate de repor no lugar esse queixo caído e pare de me chamar de pedófilo. Não foram poucos os que me perguntaram que graça eu via numa menina tão nova, que não tinha nada na cabeça. A minha resposta? O fato de ela não ter nada na cabeça era um de seus maiores atrativos, ao lado da beleza cândida e virginal que é o principal fator que desperta a atração por moças dessa faixa etária. Não estava procurando nela uma parceria amorosa plena nos sentidos físico, psicológico e intelectual. O que eu queria naquele momento era exatamente alguém com a inocente ignorância típica da primeira juventude.

Não que ela assim o fosse por opção; não foram poucas as vezes em que ela tentou encetar uma palestra mais profunda sobre um assunto mais relevante, e em tais ocasiões, se eu fosse sincero com ela, maltrata-la-ia muito ao revelar que sua pretensa profundidade não passava de superficialidade temperada pela curiosidade natural dessa faixa etária. Muito provavelmente ela era mais inteligente e atilada que a média das moças de sua idade, mas isso por si só não a tornava um prodígio de inteligência. Deveria eu apenas por isso renunciar ao prazer que podem dar o frescor de corpo e a brancura de intelecto juvenis? Quem discorda é porque ainda não percebeu que a virgindade e inocência do intelecto são tão deliciosas quanto as do corpo e das atitudes.

Óbvio que foi uma relação fugaz e temporária, mas quem disse que era para ser profunda e duradoura? Para minha sorte, tenho dezenas de amigas sagazes e inteligentes, e a elas recorro quando desejo um colóquio intelectualmente frutífero com representantes do belo sexo. E de lá para cá já tive um envolvimento denso e complexo com uma mulher que suspeito ser até mais inteligente do que eu. O que as pessoas parecem ter dificuldade para entender é que os prazeres amorosos se apresentam numa miríade de matizes tão numerosa quanto os tipos de vinhos, e também apresentam suas idiossincrasias. Assim como há ocasiões em que cai melhor um vinho branco ou um vinho tinto, há momentos em que é melhor desfrutar um intelecto mais ou menos encorpado. O segredo do bem usufrui-los é saber em que instantes e circunstâncias gozar cada um deles.

sábado, outubro 22, 2005

O cúmulo da paranóia ou da imbecilidade mesmo?


Frase do cantor-escritor-compositor-pau-para-toda-obra José Miguel Wisnik:


"Se tudo começou no Big Bang, só tinha de acabar no Big Mac. Conversávamos à toa sobre como ter nomeado o começo do universo de Big Bang era de certa forma entregar esse momento ao império anglo-saxão. Big Bang remete imediatamente a Big Ben, símbolo do poder do Império Britânico. Remete a big band, símbolo do poder da música americana; a bang bang, o poder do cinema americano; a Big Mac, o poder da comida americana..."



Obviamente, conversar à toa sempre é mais fácil do que pesquisar e conhecer a verdade dos fatos. O termo Big Bang foi criado pelo astrônomo inglês Fred Hoyle, com o objetivo de ridicularizar a teoria (Hoyle elaborou uma concorrente, a Teoria do Estado Estacionário). "Não vejo motivo para acreditar nesse negócio de Big Bang", disse ele. Só que desde então a teoria foi cada vez mais apoiada pelas evidências, e o nome que Hoyle sugeriu, na falta de outro melhor, terminou pegando. Ao sugerir a "Grande Explosão", Hoyle quis menosprezar a teoria, que na verdade não tem nada a ver com explosão: ela simplesmente diz que o universo evoluiu a partir de um estado extremamente denso e quente.


Pior do que um termo errôneo se popularizar (muita gente acredita piamente nessa lorota de explosão) é essa mania de lunáticos como o Wisnik enxergarem conspirações imperialistas anglo-saxãs em tudo que vêem. Só mesmo aqui no Brasil um imbecil como ele tem status de intelectual.

terça-feira, outubro 11, 2005

A título de informação

Sei que meu ritmo de atualização é lento, mas há um culpado pela minha ausência, e ele atende pelo nome de Gabriel García Márquez. Desde que comecei a ler Cem Anos de Solidão, Macondo ocupa minha imaginação em tempo quase integral. Não consigo pensar em outra coisa que não seja a saga dos Buendía, a estirpe de solitários que não terá uma segunda oportunidade sobre a terra. Minhas inquietações sentimentais, vocacionais e intelectuais estão todas em segundo plano.

sábado, outubro 01, 2005

Sempre arrebenta do lado mais fraco (o do cidadão)


Não canso de me surpreender com as saídas pela tangente cada vez mais engenhosas que nossos governantes arrumam para fingir que estão resolvendo problemas que não conseguem, ou não têm interesse de resolver. Como já não bastasse a nefanda campanha do desarmamento, o secretário de segurança do Piauí resolveu estabelecer uma espécie de "toque de recolher". A partir de agora, todos os estabelecimentos, até mesmo lanchonetes, fecharão às duas da manhã.


O raciocínio é o seguinte: o governo é incompetente para vigiar as ruas e logradouros, e não consegue prender os bandidos. A saída que ele adota para aplacar o clamor da sociedade contra a violência crescente então é... Prender o cidadão de bem! Restringindo a circulação das pessoas honestas, o secretário tenciona diminuir a quantidade de assaltos e assassinatos praticados nas ruas madrugadas afora. Só gostaria de saber se os bandidos vão deixar de "faturar" simplesmente porque suas vítimas não estão mais circulando nas ruas. Como diz o provérbio árabe: "se Maomé não vai à montanha, a montanha vem a Maomé". Se o bandido não tem mais a vítima à sua mercê na rua, ele vai procurá-la aonde ela está: em casa!


Conclusão lógica 1: os assaltos no meio da rua vão diminuir, mas os arrombamentos vão aumentar. E não pára por aí: além de acuar os cidadãos em casa, o governo ainda quer tirar os meios deles se defenderem em seus domicílios. O bandido ganha um "estímulo" do poder público a ir à casa das pessoas para tomar-lhes os bens (afinal, eles não são preguiçosos a ponto de deixar o crime apenas porque suas vítimas não estão mais tão disponíveis), e o governo ainda acena com a possibilidade de tirar de sua vítima os instrumentos de autodefesa. É nessas horas que eu penso se governo e bandidos não estão todos no mesmo barco.


Conclusão lógica 2: Se antes o cidadão perdia apenas sua carteira e seu celular sendo assaltado no meio da rua, agora perderá, ainda, eletrodomésticos, jóias e outros bens de valor que são guardados em casa, e muito provavelmente a integridade física e sexual. Sendo assaltado na rua, além de me levarem menos coisas, pelo menos não vou ter que gastar dinheiro (que dinheiro, se eles levaram tudo?) para consertar portas e fechaduras arrombadas. É a teoria da multiplicação dos prejuízos.


Vão por mim: as melhores saídas para o Brasil são Cumbica e Galeão.


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