domingo, junho 29, 2008

Da série "Livros que mudaram a minha vida"

Um desconhecido certo dia me perguntou por que O Lobo do Mar, do escritor americano Jack London, mudou a minha vida. E como adoro falar de livros, resolvi responder aqui.


O romance é narrado em primeira pessoa por Humphrey Van Weyden, um dândi californiano de finais do século XIX, que sobrevive ao naufrágio do ferry boat no qual viajava e é resgatado por uma escuna foqueira chamada Ghost, capitaneada por Lobo Larsen, um homem que desconhece qualquer compromisso que não seja consigo mesmo, um lúcifer miltoniano, como o narrador o descreveria mais tarde. Van Weyden está cheio de concepções grandiloquentes e edificantes sobre o mundo e o homem, e vê todas elas serem esmagadas pela sua própria experiência como prisioneiro semi-escravizado, pelos fatos que presencia na embarcação e nas conversas com Lobo Larsen, que se revela, surpreendentemente, um homem culto e inteligente, o que o torna ainda mais malévolo e ao mesmo tempo intrigante aos olhos de Humphrey.


Lobo Larsen destrói com elegância e objetividade qualquer veleidade de grandeza sentimental ou moral. Não pude resistir a várias leituras, e cada vez que chegava à última página ele me convencia mais e mais de que um mundo tão selvagem e injusto não pode existir um Deus benevolente que queira o bem de todos e possa intervir no transcurso dos acontecimentos. Se Deus quer e pode acabar com o sofrimento, por que então o sofrimento existe? Se ele quer e não pode, então não pode interferir em qualquer evento. Se pode, mas não quer, trata-se de uma divindade malévola. E se nem pode, nem quer, por que diabos chamá-lo de Deus?


Em meados de 2001, sete meses após a primeira leitura, admiti que era um descrente. E sabia que devia creditar a Lobo Larsen o papel de fator desencadeador de toda essa que foi, de longe, a mudança mais substancial da minha vida. Deixei de me torturar e me preocupar com o que um ser onipotente e oniperfeito estaria pensando de mim. Pela primeira vez na vida me sentia completamente livre: meu principal compromisso na vida era comigo mesmo, e não com uma meta de se atingir um paraíso post mortem. Aos dezoito anos quase completados àquela altura, me desdobri com muito pouca bagagem e experiência de vida. Mas ainda havia tempo para recuperação. E desde então posso afirmar com todas as letras que vivi os anos mais prolíficos e intensos do meu quarto de século de vida a ser completado em setembro.


Não sei se as entidades ficcionais existem em algum universo paralelo ou algo do tipo, mas de toda forma agradeço a Lobo Larsen por ter contribuído para que tudo isso acontecesse. E a Jack London, que foi um escritor brilhante, viveu dezenas de vidas em apenas quatro décadas e resumiu sua filosofia de vida na seguinte frase: "prefiro ser um meteoro, todo átomo em magnífica explosão, que um planeta eternamente adormecido".

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domingo, junho 22, 2008

Por que ninguém intervêm?

Morgan Tsvangirari, candidato da oposição à presidência do Zimbábue, anunciou hoje que desiste de concorrer ao pleito depois de dezenas de partidários seus serem encontrados mortos país afora. O subsecretário de seu partido está preso, acusado de "traição", e o próprio Tsvangirai não passa um dia de sua campanha sem ser ameaçado por autoridades governamentais.

O Zimbábue já foi considerado o celeiro da África, grande produtor agrícola que freqüentemente doava alimentos a vizinhos castigados pela fome devido a secas, enchentes ou guerras. Há 28 anos governado por Robert Mugabe, um ditador insano com manias de perseguições, iniciou no começo dessa década um processo de reforma agrária radical, expropriando terras de fazendeiros, em sua maioria brancos, para, no mais polido e pomposo jargão de esquerda, fazer "justiça social".

Os resultados da reforma agrária e da "justiça social" zimbabuana são os seguintes: o país que antes era auto-suficiente em alimentos, exportava e ainda ajudar vizinhos em dificuldades, hoje não colhe sequer um quarto do necessário para satisfazer suas próprias necessidades alimentares. A economia está em frangalhos, corroída por uma inflação que esse ano deve bater na casa dos 200 000%. Faltam itens básicos nas prateleiras dos supermercados. Desesperados e sem perspectivas, os zimbabuanos fogem em massa do país, em direção à África do Sul, onde já são tão numerosos que motivam ondas de violência xenofóbica contra a sua presença. Mugabe, na melhor tradição conspiracionista, diz que é vítima de um complô das grandes potências para desestabilizar seu governo. Já disse que "só Deus" o retirará do poder e faz ouvidos de mercador a todos os apelos internacionais por democracia e racionalidade econômica. Opositores são ostensivamente intimidados, e mesmo assassinados. A ajuda humanitária enviada ao país foi suspensa no começo deste mês, e a pouca que chega se transforma em suprimentos para o exército e membros do Zanu-PF, o partido de Mugabe.

Não vou falar nada a respeito de reforma agrária porque a história está aí para provar a sua ineficiência: na melhor das hipóteses, torna o país que a adota importador de alimentos e subsidiador de agricultores improdutivos. Na pior, provoca fome generalizada. Quero mesmo chamar a atenção para a falta de intervenção direta das potências ocidentais. Por que elas não fazem nada efetivo?

Simples: se o fizerem, serão chamadas de "imperialistas" e "intervencionistas" e "neocolonialistas". Como não fazem nada, são chamados de omissos. Ou seja, as potências ocidentais estão sempre erradas. Ditadores insanos e corruptos, especialmente se forem não-brancos e adotarem chavões políticos e econômicos de esquerda, são sempre inocentes vítimas de conspirações que buscam acabar com suas políticas sociais.

Enquanto isso, o drama dos zimbabuanos se arrasta sem perspectiva de solução. Deixem que Mugabe conclua a sua obra e termine de destruir o país. Quero ver quem vai dizer que a culpa é do Ocidente... Ora, que ingenuidade, a minha. Claro que a culpa será sempre do Ocidente! Ditadores africanos com discurso anti-ocidental são inimputáveis perante a opinião pública internacional. Sempre o foram.

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domingo, junho 15, 2008

Momento Freudiano

Amiga minha: Como é que nerds conseguem namorar?


Eu: Porque mulher não gosta de homem bonito.

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