domingo, setembro 16, 2007

Pensata do dia

"As regras e teorias de um velho sheik árabe chamado Maomé e as abstrusas interpretações de gerações de sujos e ignorantes padrecos fixaram a lei civil e penal da Turquia. Eles determinaram a forma da constituição, as mais pequenas ações e gestos do cidadão, a sua alimentação, as horas para levantar e dormir, tradições e hábitos e mesmo os mais íntimos pensamentos. O Islã, essa absurda teologia de um beduíno amoral, é um cadáver podre que envenena a nossa vida. A população da república turca, que reclama o direito a ser civilizada, tem de demonstrar a sua civilização através das suas ideias, sua mentalidade, através da sua vida familiar e seu modo de vida".


Quem teria dito uma barbaridade dessas? O presidente Bush ou algum neocon republicano? Algum intelectual europeu tacanho e preconceituoso? Um membro do Opus Dei?


Nada disso, meus caros. Quem proferiu essas palavras foi Mustapha Kemal, o Atatürk (1881-1938), fundador da Turquia moderna depois do esfacelamento do Império Otomano. Este homem foi o todo-poderoso no país de 1923 até a sua morte. E mesmo passados quase setenta anos, o povo turco ainda lhe tem uma devoção religiosa. Todos os anos, no exato dia, hora e minuto em que o Atatürk (pai dos turcos) deu seu último suspiro, uma nação de 70 milhões de pessoas pára. Até mesmo uma metrópole de 8 milhões de habitantes como Istambul pára em reverência ao pai fundador da nação turca, e seu maior herói de guerra desde Suleiyman, o Magnífico.


O mundo muçulmano adora entrar em polvorosa por causa de caricaturistas nórdicos e prelados católicos, mas nunca vi um mulá, imã ou seja lá o que for para fazer referência a esse profundo desrespeito ao Islã por parte do criador de uma das maiores nações islâmicas do mundo. O que deixa bem claro que o que eles querem quando pedem para que renunciemos à liberdade de expressão não é respeito, e sim submissão.

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sexta-feira, setembro 14, 2007

Estrada para a secessão

Antecipando-se ao triunfo do conchavismo cínico que se viu no senado na última quarta, o congresso do petê propôs uma singela medida: a pura e simples extinção do Senado Federal, afora a mais notória de convocar uma constituinte para reformar o sistema político e permitir, quem sabe, a volta da monarquia com o início da dinastia Lula, com Luis Inácio I como seu venerável soberano. Vocês podem estar se perguntando: e daí?

O Senado é uma instituição típica do sistema federativo. Sua função é exatamente garantir aos entes federados com menor população que não serão simplesmente dominados pelos entes com maior população e conseqüente maior representação no parlamento. Como lá todos os entes federados têm o mesmo número de representantes, garante-se que todo estado, por menor que seja, não terá suas demandas solapadas pela maioria dos estados dominantes.

Ou seja, se o país comprar a tese petista de que o Senado é desnecessário, eu vou ainda além: a União é desnecessária. Nosso federalismo que já é quase só fachada será definitivamente sepulto junto com a casa presidida por Renan Calheiros. E destruídas as últimas esperanças de fazermos um pacto federativo autêntico no Brasil, a própria nação como um todo é desnecessária. Nos transformaremos numa União Soviética tropical, um país continental e heterogêneo (embora não tanto quanto o antigo império comunista) regido pela mão pesada e centralizadora de um governo estabelecido no centro do país, onde cidadania é apenas uma idéia vazia e todos são meros súditos do avassalador poder central.

Concluindo: desaparecendo o Senado, a União e esse estado soberano chamado Brasil simplesmente perdem a razão de existir. Está cada vez mais claro que não conseguimos funcionar como uma federação? Às armas, cidadãos, pela independência de seus estados e regiões. Aos estados presos aos grilhões de um governo centralizador, não resta outra alternativa. Claro que isso teria que partir dos estados mais ricos e mais populosos, pois eles são o eixo de sustentação do poder central. As forças armadas, sistematicamente enfraquecidas e enxovalhadas pelos últimos governos civis, estão combalidas demais para fazerem frente à sublevação do coração econômico do país. E um dominó provocaria a queda dos demais numa reação em cadeia. E nem seriam necessários banhos de sangue. O Brasil desabaria como uma fruta podre, exatamente como a antiga pátria do socialismo. E quem sabe alguns estados não conseguissem entrar na rota que leva ao primeiro mundo, uma vez libertos da necessidade de sustentar milhares de municípios inviáveis através do hediondo expediente dos repasses...

Se por uma dessas mórbidas surpresas do destino essa constituinte para a reforma política e extinção do Senado se tornar realidade, compre armas, balas e comece a treinar, cidadão. Quando chegar a esse ponto, ou nós acabamos com o Brasil ou o Brasil acabará conosco

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quarta-feira, setembro 12, 2007

Crossword

Intolerance
Slaughter
Loof
Arson
Molestation of women

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domingo, setembro 09, 2007

E a choradeira continua... Que saco!

Todo mundo aqui que já teve infância sabe disso: o diferente, o mais fraco, o mais estranho, o desconhecido, sempre são os alvos preferenciais de piadinhas e apelidos. E também sabe que chorar, espernear, fazer biquinho e chamar a mamãe é a pior atitude possível. Você só está comprovando o que todo mundo já desconfiava, que é insignificante e fraco, com uma auto-estima tão baixa que qualquer comentário ou referência jocosa, por pior que seja, te derruba.


Pois ao exercer o jus sperniandi com tanto afinco e devoção nas últimas semanas por conta de uma piadinha do presidente da Philips, meus conterrâneos só estão dando corda aos troçadores. Estamos provando que qualquer piadinha nos tira do sério e nos deixa fulos de raiva. Qual a graça de provocar quem está cagando para provocações? Claro que essa atitude de se mobilizar, de chorar e fazer beicinho, de bradar aos quatro ventos que existimos, que somos importantes, que somos os maiores produtores de mel, de cera de carnaúba, de castanha de caju e, vejam só, temos até a melhor escola do país! Somos relevantes seus porcos sulistas imundos! Brada a patuléia indignada.


Aqui cabe uma singela pergunta: e daí que somos os primeiros nessas coisas? Todo lugar é primeiro lugar em algo. Você sabia que Caralhodeasópolis do Leste tem as maiores reservas mundiais de zircônio? Ou que Findomundópolis do Sul é a maior produtora mundial de rebimbocas de parafusetas? Não sabia? Seu ignorante preconceituoso e racista! Respeite os caralhodeasenses e os findomundopolenses, seu cretino!


Mas o que me impressiona mesmo, como já impressionava Isaac Asimov décadas atrás, é como os méritos pessoais tendem a ser coletivizados na mesma medida que os fracassos e opróbrios sempre são privatizados. Sim, o Dom Barreto é uma excelente escola. Quantas no Piauí têm o mesmo padrão? Quem representa melhor o quadro educacional do nosso estado, a excelência de uma única escola ou as centenas de escolas públicas que funcionam em nível abissal de precariedade? Aliás, se somos mesmo tão fodões, por que estamos na rabeira de um país que nem é lá essas coisas? Somos o estado com maior número de crianças trabalhando do Brasil. Mas é claro que isso não é culpa nossa, e sim da elite sulista que nos esqueceu por séculos, do capitalismo internacional ou algo que o valha. É tipico do medíocre se apropriar das coisas boas que não fez e se recusar a fazer o mesmo com as ruins.


As pessoas me indagam estarrecidas: mas você não fica indignado com isso? Sinceramente, não. Ele ofendeu uma entidade geográfica chamada Piauí, na qual eu por acaso vivo. Ele não me ofendeu pessoalmente. E a desonra é personalíssima, já diz esse apanágio legal dos tempos d'antanho chamado Código Penal. Já imaginaram se todo americano se ofendesse quando alguém falasse mal dos Estados Unidos? Ou os suecos quando dizem que a Suécia é um país de depravados, ou os russos quando chamam a Rússia de pátria dos beberrões, ou os chineses quando alguém faz caretas de nojo ao saber que eles comem espetinhos de escorpião?


Eu não sou de lugar nenhum. Nasci aqui porque simplesmente tinha que nascer em algum lugar, e não me consta que seres humanas sejam concebidos e paridos de forma diferente em qualquer outro ponto da orbe terrestre (descartadas aquelas que dizem ter sido possuídas pelo Paráclito, mas aí trata-se de algo fora dos limites da razão). Minha pátria é o mundo, ou, restringindo mais o leque, qualquer lugar que me receba bem, me permita viver da maneira que eu bem entender e me possibilite viver com dignidade com o fruto do meu trabalho. Sou do mundo e da humanidade, e não do Brasil ou da raça branca.

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quinta-feira, setembro 06, 2007

Conclusão que parecia original quando você tirou e que depois percebe ser apenas o resumo daquilo que você já sabia há muito tempo

Os mais pragmáticos acusam a literatura de não produzir nenhum bem palpável, o que a equipararia com a religião no papel de estelionatária das fraquezas humanas. E eles têm razão: a prosa, a poesia, o teatro, bem como a crítica literária como um todo não produzem nenhum bem fisicamente consumível. Mais de quatro mil gerações de seres humanos viveram antes da escrita ser inventada, e pouco mais de vinte viveram desde que Gutenberg imprimiu suas Bíblias e tornou o livro um produto barato e acessível. A rigor não precisamos de literatura para viver, tampouco para aumentar nosso conforto material.

Somos as prostitutas do intelecto humano. Do mesmo jeito que a profissão mais antiga do mundo vende prazer sexual para corpos carentes, nós que escrevemos e fazemos crítica literária (ainda que não profissionalmente, que fique bem dito), vendemos prazer psicológico para intelectos curiosos. Não nego as funções secundárias, mas não menos importantes, da literatura de ser o retrato de um povo ou uma época, e notadamente nos escritos de mitologia antiga, guardiã mesmo da história de um povo ou de uma civilização inteira. Ou o romance dos últimos duzentos anos, que tem incessantemente buscado ser uma imagem e uma crítica do mundo moderno, este ente em constante construção e crise de identidade saído das fornalhas das indústrias e dos vapores dos motores da Revolução Industrial, um Prometeu desacorrentado, na felicíssima analogia empregada por David Landes.

Independente de tudo isso, como falava, não estamos um degrau sequer acima das prostitutas na hierarquia econômica. Nós e elas mercadejamos prazeres, de natureza distinta, mas irmanados na sua condição de meros deleites. Autores vendem deleites intelectuais, críticos ajudam os clientes-leitores a usufruir melhor tais deleites. Desempenham, ainda que com ressalvas, o papel de cafetões da literatura.

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