sábado, maio 28, 2005

Profecia vs Livre-Arbítrio


Via de regra, eu não discuto religião. Primeiro, porque as pessoas têm posições ainda mais arraigadas a respeito do que em matéria de política. Segundo, porque afeta bem menos a vida de todos em geral. Converter ou desconverter meia dúzia de gatos pingados pode ser decisivo para estes, mas a sociedade como um todo quase certamente jamais sentirá os efeitos da crença ou descreça de alguns indivíduos. A menos que sejam eles muito relevantes, mas aí é outra história...

Mas há algo que gosto de fazer de vez em quando: desafiar, para comigo mesmo, alguns conceitos religiosos. E um dos mais interessantes é o que toca a respeito do livre-arbítrio, peça fundamental para quase todas as religiões do mundo moderno, especialmente as monoteístas de cunho salvacionista. Em sua base, elas pregam que o ser humano é totalmente responsável pelo que faz, e por isso merece prêmio ou punição divina pelos atos que pratica. Sem o livre-arbítrio, portanto, a dicotomia céu-inferno simplesmente não faz sentido, e dinamitados estão os pilares fundamentais dos grandes monoteísmos. Num extremo, nem mesmo diferenciar o Bem do Mal faz sentido, já que as coisas não são boas ou más: são o que são porque não podiam ser de outra forma, estavam destinadas àquilo.

No entanto, aspecto curioso, essas mesmas religiões que pregam a liberdade do homem e responsabilidade individual são recheadas de profecias, ou seja, predições do futuro. E aí eu pergunto: a profecia não é uma violação gritante do livre-arbítrio? Ora, se algo pode se previsto é porque não podia ser mudado, aconteceria inexoravelmente daquela forma. E essa obrigatoriedade destrói qualquer idéia de liberdade: mesmo que tentemos evitar, não conseguiremos. O teatro e as epopéias gregas estão recheadas desse conceito estrito de destino: os personagens que tentam fugir dele terminam por ir-lhe ao encontro, como bem mostram Édipo-Rei e a Ilíada, dentre outras.

Há quem diga que as profecias não são destino, são apenas uma predição com base na análise da realidade. Gostaria de lhes avisar que isso tem outro nome: cálculo de probabilidades. Com base na observação empírica se faz uma estimativa da possibilidade de tal evento ocorrer ou não, de acordo com as leis que governam o sistema em estudo. As profecias dos livros sagrados não têm nenhum desses elementos: não demonstram o raciocínio e a metodologia empregadas para chegar à conclusão; os profetas dos livros sagrados não fazem suas profecias após longas elucubrações lógicas: geralmente elas lhes são reveladas em transes e momentos sobrenaturais de contato com a divindade, e os trechos sempre enfatizam que a profecia não é mérito do profeta, ao contrário do cientista que calcula probabilidades. São dádivas concedidas pela divindade, pois “apenas elas conhecem o futuro”, ou “o futuro a Deus pertence”.

Essa última frase torna compreensível o porquê do conceito calvinista da predestinação se tornou tão popular: se Deus conhece o futuro, nós não podemos fazer nada para mudá-lo; ele será como Deus sabe que ele é. Se Deus já conhece nosso futuro, significa dizer que nada do que façamos vai mudá-lo: estamos, quais Édipos modernos, condenados à sorte que nos foi pré-estabelecida. A essa altura, o conceito de livre-arbítrio e responsabilidade individual foi para a cucuia.

Daí migrarmos para outro pensamento, radicalmente oposto, expressado na frase de Sartre que se tornou epíteto do Existencialismo: “a humanidade está condenada a ser livre”. Sem Deus onisciente para conhecer nosso futuro, resta-nos a tarefa de fazê-lo por nós mesmos, totalmente sem ajuda. Se não há desígnios inteligentes controlando o mundo, tudo que nós fazemos diz respeito somente a nós, daí a liberdade estar inapelavelmente ligada à responsabilidade. Somos os únicos responsáveis por nossos atos.

Um fundamentalista respondeu às minhas colocações contando a seguinte anedota, que, segundo ele, prova que é possível conciliar a onisciência com o livre-arbítrio: “você vê um cego ao longe, caminhando rumo ao precipício. Você sabe que ele vai cair, mas ainda assim você grita, avisando-o do perigo iminente”. O raciocínio, obviamente, é ridículo: se eu grito para o cego, é porque tenho esperança de que ele me escute e corrija a trajetória; ou seja, como não conheço o futuro, tento mudar o curso do acontecimento, fazendo com que o cego saia da trajetória perigosa. Se eu sou perfeitamente onisciente e sei que ele vai cair, para que gritar? Se sei que meu grito será em vão...

Em seguida ele emendou a história e conseguiu torná-la ainda mais caricata: “imagine que o sujeito, além de cego, é sudo”. Bom, nesse caso eu sei que nada posso fazer por ele. Então, se por um lado sou onisciente, por outro sou completamente impotente; tenho plena consciência de que nada que eu faça vai mudar aquela situação. Recaímos no conceito de destino, mais uma vez.

Mais do que qualquer leitura ou revolta, o que me fez abandonar a crença em deus foi exatamente essa flagrante contradição. Percebi que um Deus onisciente me torna uma simples marionete na mão de seus desígnios (sendo que ele nem mesmo controle sobre eles tem. Afinal, quem conhece o futuro é totalmente impotente para mudá-lo, a não ser que seja a ele permitido violar a própria onisciência em nome da onipotência), e que um mundo sem a divindade onisciente-onipotente significaria a total liberdade, e que esta se encontra atrelada à responsabilidade. Tudo que eu fizer recairá sobre mim, e, portanto, devo tomar muito cuidado com tudo aquilo que faço, porque sei que os demais também têm essa mesma liberdade. Daí a necessidade de se fazer leis para disciplinar interesses conflitantes. Afinal, se Deus existe e nos pune pelos nossos atos, para quê se fazer a justiça na vida terrena? Deixemos tudo para acertar na outra vida. Assim como a qualquer pessoa de bom senso é absurdo alguém ser punido duas vezes pela mesma falta.

quinta-feira, maio 26, 2005

Alguém explica?


O blog passou um dia fora do ar, como se não existisse. Não sei se alguém notou (alguém ainda lê isso, meu deus?), mas deu um susto danado.


Na falta de algo a dizer, vai a indicação do excelente blog do Janer Cristaldo. Vale a pena ser lido com atenção.

***

Se alguém quiser ajudar um pobre estudante de último ano de curso com sua monografia, me indique bons livros a respeito de federalismo. Prometo que posto a monografia inteira aqui quando ela estiver pronta (será isso um incentivo ou um repelente de adjuntório?). De qualquer maneira, prometo uma inclusão nos agradecimentos do trabalho que vai abalar o mundo do Direito e virar essa república de pernas pro ar, mais ainda do que ela já está.

domingo, maio 22, 2005

Gosto literário se discute

Não se iludam: quando um blog começa a postar correntes e questionários, é sinal inequívoco de que está em franca decadência. Advertência feita, aí vai outro quiz literário, via LLL . Demorei tanto tempo para fazê-lo que não vou deixá-lo mofando no HD, ainda que ninguém dê bola, lá vai:

1 - Qual o livro que você mais relê?


O Lobo do Mar foi o que eu mais reli, por ter representado um divisor de águas na minha vida.


2 - E que livro relido ficou melhor?


Doutor Jivago. Quando li a primeira vez, gostei muito, mas senti que algo havia me escapado, uma leitura mais atenta. Na segunda leitura, virou um dos meus preferidos.


3 - Dê exemplo de livros injustiçados que, apesar de muito bons, nunca foram devidamente louvados.


Acho que O Lobo Do Mar, O Cristo Recucificado, de Kazantzakis, Horizonte Perdido, de James Hilton (esse eu considero o mais injustiçado de todos).


4 - Cite um livro decepcionante, que frustrou suas melhores expectativas?

Retrato do Artista Quando Jovem, de Joyce. Reconheço o talento lingüistico e imaginativo dele, mas dava pra ter escrito um livro menos chato?


5 - E um livro surpreendente, isto é, bom e pelo qual você não dava nada?


Horizonte Perdido. Esperava um romance de aventura bem levinho e terminou se saindo um livraço.


6 - Há cenas marcantes na boa literatura. Cite duas de sua antologia pessoal.


A cena final de Doutor Jivago, com o eco ao fundo da frase de Aleksandr Blok: "Somos os filhos dos anos terríveis da Rússia". E a cena final de Pais e Filhos, de Turgueniev, que apesar de não ser um dos meus livros preferidos, ficou marcada para sempre.


7 - Há personagens tão fortes na literatura que ganham vida própria. Cite os que tiveram esta força na sua imaginação de leitor?


Foram muitos, mas Heathcliff merece uma menção especial. Não fosse por ele, Wuthering Heights não seria nada. O livro depende dele, gira em torno dele, o cara tomou até mesmo a dimensão literária dos outros personagens da história. O homem sádico em sua perfeição. Lorde Henry Wotton também não pode ser esquecido, é outro que faz o livro ao qual pertence ter valor. Um requintado e idiossincrático apologista da beleza e do vício. A frase: "é melhor ser belo do que ser bom, mas é melhor ser bom do que ser feio", é uma das minhas preferidas.


8 - Qual o livro bom que lhe fez mal, de tão perturbador?


O Processo me fez perder o fôlego um sem-número de vezes durante a leitura. Se Kafka não fosse sufocante, não teria graça nenhuma ler seus livros.


9 - E qual o que lhe deu mais prazer e alegria


Servidão Humana, de Somerset Maugham. O protagonista se parece tanto comigo que parecia que o livro havia sido escrito especialmente para mim. Penso que não há alegria maior para um leitor do que se identificar completamente com a história que lê.


10 - E o que mais lhe fez pensar?


Mais uma vez terei de citá-lo: O Lobo do Mar. Era outra pessoa após tê-lo lido.


11 - Cite...


a) um livro meio chato, mas bom


Irmãos Karamazov cansa pelo tamanho e pelos volteios e paradas que a história às vezes dá. Mas é um livro que não pode deixar de ser lido.


b) um livro que você acha que deve ser muito bom mas que jamais leu


As obras de Samuel Beckett, Bernard Shaw e Arthur Miller, e outras peças em geral, acho que li muito menos dramaturgia do que deveria. O Som e a Fúria, de Faulkner, Os "Trópicos" de Henry Miller, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Os livros do Pär Largekvist, dentre outros livros dos quais me falam maravilhas.


c) um livro que não é um grande livro, apenas simpático


Um Socialista Anti-Social, única obra de Bernard Shaw que li, e ainda é prosa. É um livro bem leve e bobinho às vezes, mas uma mulher ardilosa e manipuladora como Agatha Wiley faz qualquer livro valer a pena.


d) um livro difícil, mas indispensável


Hamlet. Exige concentração total, mas é uma fonte inesgotável de questionamentos. Todas as dúvidas foram suscitadas nessa peça.


e) um livro que começa muito bem e se perde


Mãe, de Gorki. No começo ele ainda resiste, mas no final termina descambando para o panfletarismo explícito. Mas não deixa de ter seu valor.


f) um livro que começa mal e se encontra


O Jogador, de Dostoievski, começa bem chato e depois engrena, terminando à beira do clímax e deixando aquela ânsia que antecede o final, quando a gente sente as páginas faltando nos dedos, represada a ponto de explodir.


g) um livro que valha apenas por uma cena ou por um personagem, ainda que secundário


Pais e Filhos me conquistou pela última cena. E Lorde Henry Wotton faz O Retrato de Dorian Gray ser o grande livro que é.


12 - Qual o início de livro mais arrebatador para você?


Nunca se irá escrever um começo de livro melhor que o de Lolita. Podemos captar o espírito da obra inteira apenas lendo o primeiro parágrafo.


13 - De que livro você mudaria o final? Como?


O Amante de Lady Chatterley é bom, a história vai ganhando tensão à medida que se dirige para o final, mas termina um tanto trivial demais. Talvez não ficasse melhor com um desfecho trágico, mas a impressão que tive é que Lawrence broxou na reta final e não teve fôlego para bolar um desenlace mais empolgante.


14 - Que livros ficariam muitos melhores se um pedaço fosse suprimido?


Os Frutos Selvagens da Sibéria, de Yevtuchenko, é legalzinho, mas um capítulo inteiro sobre Salvador Allende não tem conexão nenhuma com o restante da história. Há 105% de chance de ter sido escrito apenas para agradar a censura do regime comunista e facilitar a publicação.


15 - Que livros que não têm nada a ver com você, até contrariam algumas de suas convicções e que ainda assim você considera bons ou recomendáveis?


Os de Dostoievski em geral. O homem podia ser o caretão reacionário e moralista que fosse, mas entendia de ficção como pouquíssimos.


16 - A literatura contemporânea é muito criticada. Cite livro (s), escrito (s) nos últimos dez anos, aqui ou no mundo, que mereça (m) a honraria de clássico (s) ou obra-prima (s).


Se eu lesse livros contemporâneos poderia responder essa pergunta...


17 - Por falar em clássicos. Para que clássico brasileiro de qualquer época você escreveria um prefácio daqueles que incitam a leitura?


Nenhum dos romances clássicos brasileiros que eu li marcou pra valer. Mas escreveria o prefácio de uma coletânea de contos do Machado com todo prazer.


18 - Cite um vício literário que considere abominável.


Descrições minuciosas de detalhes irrelevantes para o transcorrer da história, um vício que faz os romances Realistas perderem parte de seu encanto. Não sou contra descrições bem trabalhadas, mas muitos autores exageram nelas apenas para mostrar que sabem escrever ou que conhecem a época que estão retratando.


19 - E qual a virtude que mais preza na boa literatura?


A boa literatura tem tantas virtudes que não saberia citar uma especificamente.


20 - De que livro você mais tirou lições para seu ofício?


No dia que eu tiver um ofício poderei responder.


21 - E que a frase ou verso que escolheria como epígrafe desta entrevista?


"Não existe livro moral, nem imoral. Os livros são bem ou mal escritos. Eis tudo" Oscar Wilde

terça-feira, maio 17, 2005

Corrente Literária

Essa é uma moda na internet que de tão antiga já deve estar passando. Mas de qualquer forma dou o meu pitaco. Postem os seus nos comentários:


1. Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

Talvez Servidão Humana, do William Somerset Maugham. O protagonista, além de se chamar Philipp, tem personalidade e trajetória de vida quase idênticas às minhas. Seria uma forma de continuar a ser eu mesmo.

2. Já alguma vez ficaste caidinho(a) por um personagem de ficção?

Na época em que li O Vermelho e O Negro, a Mathilde De La Mole, com seu jeito encantadoramente cínico, me encantou.

3. Qual foi o último livro que compraste?

A Desobediência Civil E Outros Escritos, de Henry David Thoreau. Perfeito!

4. Qual o último livro que leste?

Casa de Bonecas, de Henrik Ibsen. Fazia tempo que um livro não mexia tanto comigo.

5. Que livros estás a ler?

Tenho que terminar Werther, de Goethe, e Dos Delitos e Das Penas, de Beccaria.

6. Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?

O Lobo do Mar, pelo que significou na minha vida. Servidão Humana, pela razão explicitada na pergunta 1. O Cristo Recrucificado, de Kazantzakis. O Retrato de Dorian Gray, apenas por causa de Lorde Henry Wotton. E uma coleção da obra completa de Tchekov.

7. A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e por quê?

Aos que visitam o blog e a alguns amigos selecionados.

domingo, maio 15, 2005

Úm ótimo site

Depois de ler o Aventura das Partículas, quem disser que ainda não entende física de partículas pode se considerar um completo tapado e meter um tiro no ouvido. Sei que, como apaixonado pelo tema, eu sou meio suspeito para falar, mas eles explicam coisas impenetráveis como decaimento de léptons e interações fundamentais da matéria com uma linguagem divertida, instrutiva e acessível a qualquer um que saiba ler. Se tiverem curiosidade, fiquem à vontade e não tenham medo: é tudo muito fácil de entender.

sexta-feira, maio 13, 2005

Lula é uma foca equilibrista


Essa semana estive envolvido em uma discussão a respeito do petismo, e o que deu para notar em todos os debatedores foi o pouco caso que fazem do governo do dedete. À exceção de uma mulher que destacou o "sucesso e boa imagem que o Lula tem lá fora, diante dos supremos mandatários do mundo".

Se toda rasgação de seda diplomática fosse autêntica, o mundo teria duzentas e poucas pontências extremamente relevantes regional ou mundialmente falando. Como sabemos que esta não é a realidade, podemos passar à frente sem maiores dificuldades. Mas que as bazófias diplomáticas inebriam o presidente e os brasileiros, isso é fato. Tenho, no entanto, outra explicação para o sucesso lulista.

Ele acontece pelo mesmo motivo que nos leva a aplaudir entusiasticamente focas equilibristas que conseguem fazer maravilhas empinando uma bolinha na boca. Nós realmente achamos interessante e incrível que um animalzinho de inteligência a princípio tão diminuta possa executar prodígios como aquele. Só que isso não significa dizer que consideramos a foca mais inteligente e habilidosa do que um ser humano normal. Sabemos que com um pouco de treino e coordenação motora, qualquer um de nós pode superar a foca com larga vantagem.

O problema é que o povo aqui do Bananão está convencido de que, se a foca consegue ser tão aplaudida, ela tem capacidade de administrar o circo melhor do que o próprio dono, afinal este não recebe apupos entusiásticos da platéia. Só que a coitada da foca não tem capacidade intelectual para tanto. O público se encanta com as coisinhas graciosas e exóticas que ela faz, mas ninguém em sã consciência acredita que ela se equipara a um ser humano apenas por ser aplaudida. É assim que os estrangeiros encaram Lula: uma foca equilibrista capaz de fazer números fofos e bonitinhos, mas incapaz de executar qualquer tarefa com um nível minimamente superior de complexidade. Desde os primórdios da colonização, o mundo civilizado sempre se encantou com o exotismo (e por que não a bizarrice), de nossos animais e nossos aborígenes, passando pela nossa música e agora chegando ao nosso presidente. Eles aplaudem e adoram a esquisitice, não o pretenso mérito que nós possuímos. Araras multicoloridas, índios enfeitados, tambores frenéticos e presidentes lamuriosos e bravateiros são admirados por lá não por terem alguma qualidade em si, mas por serem coisas que eles não têm e nem sonham ter por lá.

Nós deveríamos tentar nos tornar ocidentais, deixar de ouvir música ruim só por ser nativa e fingir que temos índios vivendo em estado pré-colombiano quando sabemos que, sem serem inseridos na civilização, eles estão mesmo é morrendo de fome. E sobretudo defenestrar os populistas. Se sentíssemos falta de seu exotismo apapagaiado e fanfarrão, poderíamos trazer algum tiranete africano para dizer algumas bravatas e matar nossa nostalgia. Acreditem, não precisamos ouvi-las todos os dias. Algumas vezes por ano, e vindas da boca de estrangeiros, já é mais do que suficiente.


P.S. O Edu Levy havia dito que o Lula é um erro de concordância. Essas minhas observações devem oferecer mais uma interpretação para o fenômeno do Molusco Cefalópode (Lula é politicamente incorreto para com esses lindos animaizinhos).

domingo, maio 08, 2005

Série Reconstituições Históricas: E se... Rommel houvesse deposto Hitler?


Sessenta anos depois de seu término, a Segunda Guerra Mundial ainda é considerada um divisor de águas na história contemporânea. E por ser um momento crucial na história do século, nenhum período histórico foi tão vítima de “E ses”, desde a possibilidade de triunfo nazista até a hipotética não ocorrência do Dia D. Como não tem graça explorar possibilidades já exploradas, e mesmo porque discordo de muitas dessas análises, vou levantar uma que talvez seja banal, mas que, a meu ver, faria toda a diferença no pós-guerra: E se a tentativa de assassinar Hitler e a cúpula nazista em junho de 1944 tivesse logrado sucesso? O grupo de golpistas liderado pelo lendário Feldmarechal Erwin Rommel teria reescrito a história de forma diversa?

A meu ver, sim. Numa época em que a Alemanha era impiedosamente castigada por toneladas de bombas, a guerra já estava claramente perdida e Hitler era apenas um hipocondríaco encarquilhado incapaz de inspirar a devoção fervorosa de tempos idos, o Führer já era bastante impopular entre os alemães. Já Rommel era general de incomparável carisma, amado pelo povo e considerado principal artífice das grandes conquistas do início da guerra.Se Hitler realmente tivesse sido morto naquele dia e Rommel houvesse subido ao poder, a população aclamaria seu herói de guerra que a livrou de um líder fanático e decrépito que os atirara numa guerra sem expectativa de vitória. Ele e os demais generais conspiraram com um único objetivo: evitar a invasão e conseqüente devastação da Alemanha e conseguir uma derrota nos melhores termos possíveis. E como teria acontecido?

Ao tomar o poder, Rommel iniciaria de imediato a negociação de um armistício. Como estavam em posição de força, pressionando em três frentes, os aliados aceitariam poucas, talvez nenhuma condição. A rendição seria solicitada, as tropas alemãs se retirariam imediatamente dos territórios ocupados, e os aliados não iriam deixar de capturar seus despojos de guerra, que seriam os líderes do regime nazista. Todos seriam caçados e presos para serem entregues aos aliados, alguns fugiriam e outros cometeriam suicídio.Os campos de concentração seriam desativados e seus comandantes presos ainda na metade de 1944, o que evitaria a morte de pelo menos um milhão de pessoas, mortas no último ano da guerra. Todo o cenário que se viu desenrolar a partir de maio de 1945 teria acontecido, em sua quase totalidade, um ano antes.

E haveria ainda outra conseqüência excelente: o exército vermelho àquela altura ainda não havia ocupado a Polônia Ocidental, a Tchecoslováquia e a Hungria. Dificilmente, portanto, esses países cairiam sob o jugo comunista. Ao invés de dominarem metade da Europa, os soviéticos teriam que se contentar com as suas fronteiras originais acrescidas dos países bálticos e de alguns territórios tomados à Romênia e à Polônia. Sem a intervenção soviética, o plano Marshall teria ajudado as nações do leste europeu, tornando a sua queda para o comunismo ainda mais improvável. E sem o domínio de seus satélites, a União Soviética seria um adversário mais frágil na Guerra Fria. Sua derrocada talvez se desse dez ou vinte anos antes do que aconteceu.

E a Alemanha? Rommel e seus parceiros eram militares, e os militares alemães, ao contrário dos nossos, historicamente tinham ojeriza ao meio político. Não demorariam a passar o poder para os civis, ainda mais sendo pressionados por exércitos aliados em suas fronteiras. Sem a divisão, o país teria se transformado na maior potência da Europa, mas com as feridas materiais e morais de duas guerras ainda expostas, e ainda considerando que tropas americanas estariam, senão dentro, muito próximas do território alemão, uma nova tentativa de guerra não aconteceria. E uma Alemanha ainda mais forte seria uma adversária em potencial ainda maior para pressionar a União Soviética, que teria que gastar ainda mais em armamentos e com isso acelerando ainda mais seu inevitável colapso.

Precisando investir tanto para proteger suas fronteiras, sobraria pouco dinheiro para os soviéticos patrocinarem movimentos comunistas mundo afora (era a proteção da cortina de ferro que dava a eles tanta segurança). Cuba não seria comunista, e sem tal ameaça a rondar os continentes, os golpes e quarteladas na América Latina seriam bem menos freqüentes. Esqueça FARC, sandinistas, Sendero Luminoso e asseclas. A África também sairia ganhando nesse cenário. Sem serem palco de lutas entre regimes pró-URSS e pró-EUA, algumas nações africanas teriam conseguido se desenvolver satisfatoriamente. O Vietnã, ainda que fosse comunista, não seria encarado como a ameaça que foi, e não haveria invasão àquele país. O sudeste asiático também teria se desenvolvido mais sem ter sido palco de conflitos.

Enfim, o mundo estaria melhor do que está hoje. Não muito melhor, mas sem dúvida melhor, inclusive para nós brasileiros. Ah, apenas uma última retificação: sem Polônia comunista, sem papa polonês. Wojtyla seria um nome desconhecido, e a história da Igreja teria sido tão diferente que não consigo imaginar o cenário alternativo. Sugestões são bem vindas.

sábado, maio 07, 2005

O Ódio é o que importa


Artigo publicado originalmente no NovoMetal, sem corporativismo o melhor site de metal do Brasil, do qual, como já devem ter notado, eu participo. Se curtem o estilo, uma passada por lá é obrigatória.



O ÓDIO É O QUE IMPORTA


É uma palavra simples, de fácil pronúncia, mas de significado tão amplo que nunca talvez tenha surgido uma definição para ela perfeita.O dicionário apenas ressalta o aspecto raivoso e intempestivo da palavra, mas os artistas são bem mais profundos e versáteis que lexicógrafos e etimologistas.A expressão desse sentimento em palavras e ações conheceu maneiras, estilos e facetas tão diversas que talvez tenha mesmo superado o seu antagonista nesse sentido, apesar de ser ele o mais famoso e que com mais freqüência é ressaltado pelos críticos de arte.Uma tremenda injustiça, diga-se, pois a arte é a própria materialização do ódio.


Seria supérfluo mencionar a expressão artística do ódio dentro do heavy metal, pois citaria bandas e mais bandas, e preencheria todo esse espaço mole, mole.A fúria incoercível do black metal para com as estruturas cristãs, o death rompendo completamente os padrões da delicadeza ao descrever o ódio (e suas atitudes) de maneira crua, sem retoques, e por aí vai.Mas com certeza, todos nós já ouvimos comentários ácidos a respeito dessa forma de expressão de arte.O argumento deles é sempre o mesmo: que a arte tem que ser “sublime”, “bela”, que tem que falar de coisas leves e agradáveis.Essas opiniões revelam total desconhecimento da arte como um todo.Afinal, o que arte senão o exercício da indignação para com as estruturas vigentes?Mesmo os românticos, do alto de seu arrebatamento apaixonado, manifestavam um ódio contra as estruturas sociais que os impediam de viver seus amores, ou contra a própria vida, que se revelava trágica e lhes roubava as amadas (Novallis, grande romântico alemão que perdeu sua amada quatro dias após o aniversário de 15 anos, é um exemplo).Os realistas, empenhados em mostrar a sujidade da vida.Ou os modernistas, que revelaram o absurdo da falta de sentido que há em tudo.


É apenas uma interpretação minha?Não mesmo.Os próprios escritores confirmaram.”Arte não é feita com bons sentimentos”, pontificava o francês André Gidé, Prêmio Nobel de Literatura.”As famílias felizes são todas iguais. As infelizes são infelizes cada uma à sua própria maneira”.Paremos para refletir sobre essa frase de Tolstoi, um dos maiores expoentes da literatura russa, proferida no começo do romance Anna Karenina.O que o genial prosador russo quis dizer é que a felicidade é, via de regra, monótona e enfadonha, e não dá para fazer boa literatura sobre ela.Por isso que os políticos nunca fazem boa literatura.Se José Sarney não fosse tão rico e poderoso, talvez escrevesse algo que prestasse.Os bons sentimentos não dão bom material para a arte, vide as porcarias de auto-ajuda que têm infestado as livrarias.


E como definir a esses que pregam uma arte “sublime e pura”?Como ditadores da arte.Os nazistas queriam que a arte retratasse a pureza do homem ariano.Os comunistas baseavam seu enfoque no idílico modo de vida do operário socialista.Como bem se sabe, essas utopias massacraram cem milhões de pessoas em monstruosas experiências de reengenharia social.O discurso dos “puristas” da arte bem caberia na boca de um censor da Gestapo ou da KGB.Por isso o heavy metal é a mais pura democracia.Há bandas no mundo inteiro, do Brasil à Noruega, da Indonésia à Letônia.Há subgêneros para todos os gostos, desde os mais brutais e furiosos (black, death) até os mais “sublimes” (melódico, progressivo).O heavy cumpre seu papel de verdadeira arte: não está vinculado a nenhum preceito moral ou estilístico, nem a uma forma delimitada de expressão, quer na forma, quer no conteúdo.E, sobretudo, a força do metal está na raiva louca e incurável que este move por tudo que o cerca.Pois, creiam, amigos, o ódio é o que importa.

quarta-feira, maio 04, 2005

Merece apanhar!

Declarações recentes do Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim:

"Deveríamos ter uma política industrial em que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pudesse ser usado para financiar investimentos na Argentina. Isso melhoraria a situação. Seria bom para a Argentina e bom para o Brasil. O Brasil deveria fazer mais pela Argentina do que tem feito".

"Em todas as nossas ações procuramos agir de maneira coordenada com a Argentina; ela é sempre a primeira a ser ouvida, sempre que se trata de alguma proposta nova. Agora, é normal que dois países importantes como Brasil e Argentina possam ter algum ponto de diferença, mas nossa aliança é estratégica".

"(...)a importância estratégica que o Brasil atribui, prioritariamente, acima de qualquer outra relação, à Argentina".

Olho para declarações como essas e não sei se rio ou se choro. Rio da patetice ou choro porque sei que estou pagando o custo da ilusão de potência regional que esse atual governo tem. O ministro se derrama em elogios a um país que nos hostiliza há pelo menos dois anos, que ergue barreiras a nossos produtos, dando uma senhora banana para o Mercosul moribundo tão caro às ilusões terceiro-mundistas do senhor ministro. Enquanto os americanos, que há anos nos oferecem a perspectiva de um livre-comércio de verdade, são solenemente ignorados por nossos inteligentíssimos diplomatas.

O que me faz lembrar uma amiga de minha mãe, que trabalhava duro para sustentar um marido que não fazia nada, torrava seu dinheiro em bebedeira e prostitutas baratas, e ainda a surrava. Mas ela não levantava a voz para falar mal do traste, e ainda partia para a briga com quem quer que insinuasse que o caráter de seu esposo tivesse a menor mácula que fosse. Na época eu era criança, e tinha muita pena daquela mulher que batalhava tanto e recebia em troca só sofrimento do marido ordinário que tinha.

Hoje vejo que ela não era digna de pena, e sim de desprezo. Era uma personalidade masoquista, que só podia se comprazer em sofrer. Sua atitude não era de sereno heroísmo, mas sim de abjeta servilidade. Ademais, como diz uma amiga minha, todo bicho que tem pena dá o rabo e sai voando. Para o diabo a pena, tudo que ele fizesse com ela ainda era pouco. Ao defendê-lo, ela provava merecer o marido que tinha.

Agora vejo na atitude do ministro a mesma atitude dessa amiga da minha mãe. O Brasil perante a Argentina é a mulher servil e humilde, que não reclama das surras que sofre, e ainda fica felicíssima com qualquer migalha de atenção que recebe, e ainda reage agressiva a qualquer um que tente ajudá-la ou oferecê-la uma perspectiva melhor. É o perfeito integrante da tchandala nietzscheana, que merece todo o sofrimento que lhe for impingido e mais um pouco. Desejo que a Argentina nos espanque ainda mais. Que imponha restrições à entrada de brasileiros. Que boicote todos os nossos produtos. Que sabote todos os nossos esforços diplomáticos a nível internacional. Quem sabe se apanhar bastante nossa diplomacia aprende.

terça-feira, maio 03, 2005

Bem estar social?


O principal amparo dos social-democratas é o exemplo dos países nórdicos como paraísos do Welfare State. Eis abaixo a prova de quem a ineficiência do Estado do bem estar social independe do local em que ele é implantado. Sempre dá errado. Vide o texto abaixo, retirado do New York Times, escrito por um americano residente em Oslo.

"
Nós somos ricos. Vocês não. Fim de papo.


O senso comum acerca da vida econômica das nações nórdicas é facilmente resumida da seguinte forma: as pessoas aqui são incomparavelmente abastadas, com todas as suas necessidades providas por um eficiente estado do bem estar social. Eles mesmos acreditam nisso. Ainda que a realidade, como este residente americano em Oslo pode constatar, e como alguns estudos recentes confirmam—não seja o que parece.

Assim como o estabilishment escandinavo vende essa idéia duvidosa, mostra ainda uma imagem dos EUA como uma nação dividida, desigual, entre barões do crime e salários de escravos, sem mencionar exércitos de mendigos e desempregados. Isso faz com que as pessoas continuem acreditando que seu estado de bem estar social, financiado por altos impostos sobre a renda, os coloca mais no caminho de proteções econômicas e amenidades que o sistema americano. Proteções, sim—mas alguns noruegueses podem questionar a parte das amenidades.

Em Oslo, as coleções nas bibliotecas são desatualizadas, e piscinas públicas necessitam desesperadamente de manutenção. O noticiário local menciona séria carência de policiais e material escolar. Quando minha cunhada foi a uma UTI recentemente, o hospital não tinha remédio para tosse. Hordas de drogados vagam no centro de Oslo, como o Los Angeles Times recentemente noticiou, mas a espera nos programas de aplicação de metadona pode durar meses.

Na Noruega, o pensamento padrão é de que deve haver algum engano, as coisas simplesmente não podem ser assim no "país mais rico do mundo". Por que os noruegueses fazem uma imagem tão rica de si mesmos? Em parte porque, comparados a seus avós (que viveram antes da descoberta de petróleo no Mar do Norte), eles são ricos. Poucos, no entanto, duvidam que este seja o país mais rico do mundo.

Depois de seis anos vivendo aqui, eu rapidamente notei que os noruegueses têm um padrão de vida inferior ao dos americanos. Eles se agarram a velhos aparelhos e mobília que nós jogaríamos fora. E dirigem carros velhos. Em 2003, quando minha esposa e eu levamos seu irmao adolescente a New York—sua primeira viagem para fora da Europa—ele ficou estupefato com os carros no aeroporto de Newark, tal qual Robin Williams diante de uma loja em New York no filme "Moscow on the Hudson" [ não traduzo título de filme nem sob tortura!].

Uma imagem em particular martela na minha mente. Em uma aula de língua norueguesa, minha professora ilustrou o significado da palavra matpakke—almoço empacotado—enfiando a mão na sua mochila e puxando um heróico sanduíche enrolado em papel encerado. Era o seu almoço. Ela o ergueu ao alto, para que todos vissem.

Sim, professores são pior remunerados em qualquer lugar. Mas na Noruega os matpakke são onipresentes, das salas de aula às câmaras. Em New York, um funcionário de escritório pode ir almoçar numa deli. Em Paris, ela pode saborear quiche e uma taça de vinho em uma brasserie. Na Noruega, ela senta em sua carteira e come um sanduíche trazido de casa.

Não é simplesmente questão de tradição ou preferência por uma vida menos materialista. Comer fora é apenas tão caro em um país aonde professores, por exemplo, ganham em torno de 50 mil dólares por ano, sem mencionar impostos (que são altos). A mais frugal das refeições—Uma pizza grande entregue pela pizzaria mais popular de Oslo—sairá entre 34 e 48 dólares (10 dólares nos EUA), incluindo o custo da entrega e uma taxa de 25% agregada ao valor.

Nem as lojas são baratas. Todo final de semana, exércitos de noruegueses se dirigem à Suécia e abarrotam o carrinho dos supermercados, que são uma pechincha apenas para os padrões noruegueses. E nem essa é uma grande solução, já que o galão de gasolina (numa nação exportadora de petróleo) custa mais de 6 dólares (2 dólares nos EUA).

Tudo isso foi trazido a lume por um estudo de um instituto de pesquisas sueco, Timbro, que comparou preços de 15 produtos domésticos básicos nos países da União Européia (antes da expansão de 2004), com aqueles dos 50 estados americanos e o Distrito de Columbia (A Noruega, como não faz parte da UE, não foi incluída).
Depois de ajustados os poderes de compra do dólar e do euro, o único país da UE cuja economia per capita era maior que a americana foi o paraíso fiscal de Luxemburgo, que ficou em terceiro, apenas atrás de Delaware e Connecticut.


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