domingo, abril 30, 2006

Excludente de inteligência

Uma pessoa ter como paixão o tuning de carros. Qualquer interesse demasiado e inútil em acessórios é um indicativo de burrice.

sábado, abril 29, 2006

Exercício de Futurologia: O Futuro do Oriente Médio - Parte III

Para melhor compreensão do que será narrado adiante, pedimos ao leitor que retorne ao ponto no qual estávamos ao encerrar a primeira parte, antes do Irã ser ocupado pelas grandes potências. Estamos em meio ao pandemônio que se tornou o Iraque depois que as tropas de ocupação capitaneadas pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido bateram em retirada, vencidas pelo cansado ou por lavarem as mãos considerando cumprida a sua tarefa. Enquanto xiitas e sunitas disputam encarniçadamente o controle do resto do país, a minoria curda, que desde meados dos anos 90 possui grande autonomia sobre o território do norte, tratará de consolidar o poder em seus domínios e mantê-los longe da violência que domina as terras a jusante dos rios Tigre e Eufrates. Na prática, constituirão um país independente, e não tardarão em decretar sua soberania e buscar reconhecimento internacional. Aí entramos em outra parte delicada do mosaico de conflitos do Oriente Médio: a questão curda.

Os curdos não são árabes. Vieram da Ásia Central na mesma época em que os turcos, e falam um idioma indo-europeu, como os persas do Irã. Estão espalhados em um território que ocupa a montante e as nascentes dos rios mesopotâmicos, distribuído entre cinco nações: Turquia, Síria, Iraque, Irã, e Azerbaijão. Converteram-se ao islamismo na época do califado dos Abássidas, mas isso não impediu que fossem tratados como cidadãos de segunda classe pelos diversos mandatários que dominaram aquelas terras. Árabes, persas e turcos compartilham entre si, além da fé em Alá e seu profeta, Maomé, a desconfiança em relação aos agregados incômodos de território e crença.

Não é difícil imaginar o rebuliço que o surgimento de um estado curdo ao norte do Iraque causará entre os vizinhos que abrigam minorias curdas em seus territórios. Os curdos sírios, turcos e iranianos já mantêm uma convivência tensa com seus respectivos governos, e o surgimento da pátria curda fará explodir de vez o desejo de reunir todos os curdos num mesmo território, constituindo o Curdistão. As minorias não tardarão em se rebelar, e seus governos, menos ainda em reprimi-las. No Irã, o regime dos aiatolás, na iminência de sofrerem uma invasão, terão dificuldade em lidar com um levante curdo em seu território, podendo tal insurreição ser até mesmo o estopim da invasão pela coalizão sino-americana com o apoio da ONU. Tendo que combater inimigo tão poderoso, não sobrará tempo nem meios ao regime dos aiatolás para conter seus curdos, e os aliados, assim que tomarem o poder, não se atreverão a mexer em mais este vespeiro. Que se resolvam entre si.

A Síria, que abriga relevante minoria curda, também não admitirá a perda de suas terras às margens do Eufrates, muito menos para um estado curdo. Só que o regime de Bashar Assad já vem dando mostras de enfraquecimento desde a humilhante retirada do Líbano, onde sua presença parecia eterna. Assad Júnior não tem a firmeza nem a força do pai Hafez, muito menos o apoio, já que se sabe que se conspira ativamente em pleno território sírio para a sua derrubada. O caráter pretensamente laico de seu regime, mais a política de equilíbrio que mantém entre a maioria sunita e os alauítas, dissidência radical do Islã muito influente na família e no governo dos Assad, também não ajudam muito. Somando-se a essa instabilidade interna uma insurreição dos curdos, tem-se o cenário perfeito para a sua derrubada, e enquanto forças leais ao governo e opositores se digladiam pela posse do poder, o caminho estará aberto para os curdos do país, auxiliados pelo Curdistão iraquiano, independente de fato e com dinheiro do petróleo para financiar os levantes inflamados pelo patriotismo curdo, arrastarem o leste da Síria para se unir aos seus vizinhos iraquianos.

Resta a Turquia, que já mantém um conflito surdo e tumultuado com a minoria curda do leste do país. Ankara não admitirá sob hipótese alguma a existência de um estado curdo em suas imediações, e tentará uma aliança com os demais governos interessados em esmagar o esforço curdo em constituir sua própria nação. Acontece que os regimes do Irã e da Síria, segundo nossas projeções, estarão fazendo água, enfrentando demônios externos e internos, e não obstante possam formar uma frente unida e coesa anti-curda, logo os turcos se verão sozinhos em meio a esta batalha. Para além disso, há outra dificuldade: a Turquia, ao contrário de seus vizinhos, é uma democracia. Uma democracia meio que dependente dos militares, é verdade, mas uma democracia de fato e que já dura décadas. E em democracias, a opinião pública desempenha um papel bem maior no desenrolar das guerras do que em ditaduras, vide o exemplo dos Estados Unidos, que perderam nas ruas de suas próprias cidades uma guerra que venceram com sobras nos campos de batalha. Caso o confronto com os curdos se prolongasse, alternativa bastante plausível devido ao relevo íngreme da região conflagrada, a opinião pública talvez cansasse de mandar seus filhos para morrerem em luta por um território habitado por estrangeiros que os odeiam. O fator União Européia seria sobremaneira decisivo. Como se sabe, os turcos empreendem há décadas um esforço para entrarem no Mercado Comum Europeu, e sucessivos governos que passaram por Ankara têm se empenhado em dar uma “ocidentalizada” no país, de modo a convencer os europeus a confiar neles. Certamente os europeus querem distância de encrencas étnicas, de tal modo que a guerra contra os curdos arruinaria os esforços de tantos anos. Tudo isso terminaria desgastando o governo, que se veria forçado a se retirar da região e aceitar a independência de fato do Curdistão, embora empreendesse esforços diplomáticos para impedir o seu reconhecimento como nação soberana. De tal modo que teríamos um novo estado na região, o Curdistão, formado pelo norte do Iraque, leste da Síria e oeste do Irã, um estado verdadeiramente nacional, formado em torno de uma coesão étnica e cultural de um povo, coisa que falta no Oriente Médio.

As conseqüências do nascimento desta nação serão indeléveis e imprevisíveis. O certo é que o Oriente Médio terá a partir de então uma Turquia cada vez mais voltada para o ocidente, esquecendo os povos árabes com os quais não tem nenhuma identidade cultural além da religião. Na Síria, é provável que surja um estado fundamentalista, que será a nova base do terrorismo internacional e incomodará bastante Israel e será permanente fonte de instabilidade para os vizinhos, notadamente os libaneses. O Irã do pós-guerra, como dissemos, será um país razoavelmente estável, mas assolado por uma guerrilha persistente e difícil de ser derrotada. O que sobrar do Iraque continuará sendo foco de contínuas tensões religiosas entre sunitas e xiitas, com o Irã auxiliando estes e Arábia Saudita, Síria e demais nações sunitas das redondezas apoiando seus partidários de crença. Não será um país conflagrado, mas tenso, como o foi o Líbano nos anos 90. Não se descarta a possibilidade de uma guerra aberta e sangrenta entre o novo regime da Síria e Israel. Há ainda o imprevisível efeito que tudo isto exercerá sobre o fundamentalismo islâmico. Essas são questões a ser posteriormente trabalhadas.

quarta-feira, abril 26, 2006

EXERCÍCIO DE FUTUROLOGIA: O FUTURO DO ORIENTE MÉDIO – PARTE II

Paramos na iminência da invasão ao Irã. Como já havíamos dito, o Irã oferece muito mais desafios a uma força ocupante do que o Iraque. É um país enorme, com mais de 70 milhões de habitantes, com um relevo cheio de cordilheiras altas, onde a vantagem da defesa é óbvia. Além disso, tem o domínio do estreito de Ormuz, por onde passa boa parte do petróleo extraído no Golfo Pérsico, vital para o abastecimento do mundo. Mas a força do exército que se reunirá para atacá-lo é simplesmente irresistível: a tecnologia da OTAN conjugada com o potencial humano chinês (e será uma boa oportunidade para ver o potencial bélico chinês em ação numa guerra).

A marinha e a força aérea iranianas serão destroçadas sem sequer entrar em operação. Com o domínio dos ares, os bombardeios ao exército e às instalações do governo serão ininterruptos e implacáveis, não dando aos governantes e generais persas a oportunidade de dirigir os esforços de guerra. Com linhas de comunicação e suprimentos bastante atacadas, o exército do Irã será esmagado em questão de semanas; não três, como no Iraque, mas não mais do que dez. Alguém pode mencionar o exército de homens-bomba que segundo consta já anda na casa dos cinqüenta mil. Este “exército”, no entanto, terá inúmeras dificuldades para desempenhar papel relevante no conflito: como já foi dito, as dificuldades de comunicação serão enormes, bem como a de lançar tais soldados nos pontos onde podem exercer maior impacto. Além do mais, é um exército no qual a perda de elementos de combate é constante e irreversível, tendo que ser constantemente abastecido. Caso venha a funcionar, tanto pior: a morte sucessiva de combatentes drenará os recursos humanos do exército necessários para a manutenção da campanha. Historicamente, atentados suicidas funcionam bem como táticas de terrorismo. Como tática de guerra, jamais na longa história de conflitos da humanidade ela foi bem sucedida, e os kamikazes estão aí para provar.

Terminada a campanha, começariam as dificuldades de reconstrução da infra-estrutura do país e de estabelecimento de um governo pós-guerra. Quem imagina um Iraque versão GG, a meu ver, vai quebrar a cara. Primeiro porque o Irã não é um país artificial construído em cima de um mosaico de etnias e seitas que se detestam. Segundo, antes de virar uma teocracia, o Irã passou por aquela que talvez tenha sido a experiência ocidentalizante mais profunda já imprimida num país muçulmano depois da que Atatürk empreendeu na Turquia. Quase trinta anos e um regime religioso depois, este ímpeto arrefeceu, sem dúvida, mas nunca se apagou, principalmente nas grandes cidades. Aquelas multidões que protestavam contra o regime dos aiatolás elegendo Mohamad Khatami, um aiatolá moderado, ainda que não seja o exemplo de um líder nos moldes ocidentais, não desapareceram. Aquela centelha de liberdade que se via no Irã há uma década não se apagou. Óbvio que não faltarão fundamentalistas saudosos do regime dos turbantes negros, e eles causarão muitos transtornos. Mas uma parcela considerável da população, mais os iranianos exilados, que formam um conjunto ativo e coeso, ao contrário dos dispersos exilados da ditadura de Saddam Hussein no Iraque, ajudarão a reconstruir um país mais livre. E não haverá Al Qaeda atuando no Irã por um simples motivo: Bin Laden e seus sequazes odeiam os xiitas, que consideram hereges, talvez tanto quanto os ocidentais. Sem o know-how da organização do saudita, nem de suas células, bem como a capilaridade das mesmas, capazes de atuar de forma organizada em vários lugares do planeta, ficará difícil doutrinar, treinar e equipar homens-bomba.

A resistência iraniana à ocupação existirá, sem dúvida, mas não será feita com atentados suicidas, ou pelo menos não se baseará nestes. Fundamentalistas ligados a militares remanescentes do regime recém destronado se refugiarão nas montanhas. O financiamento de suas atividades guerrilheiras partirá das fortunas que os aiatolás hoje escondem em paraísos fiscais, amealhada com os dividendos do petróleo. Simpatizantes ocultos do regime deposto, aparentemente adaptados aos novos tempos, serão os responsáveis por levar dinheiro, suprimentos e armas, contrabandeados a partir de países vizinhos como o Afeganistão ou dos obscuros regimes totalitários das ex-repúblicas soviéticas, desejosos de desovar o arsenal herdado da antiga potência. Esta guerrilha não ameaçará os grandes centros urbanos, nem a capital, que fica numa planície a beira do Mar Cáspio, mas aterrorizará os habitantes das áreas montanhosas, bem como terá potencial de sabotar ocasionalmente a estrutura petrolífera. Protegidos pela geografia acidentada que facilita a atuação de guerrilheiros e a manutenção de posições de defesa, essa guerrilha deve perdurar por anos, talvez por décadas, assim como as FARC na Colômbia: sem chance de tomar o poder para si, mas com territórios consolidados e fáceis de serem defendidos e recursos difíceis de serem suprimidos, dada a possibilidade enorme de usarem as terras altas para plantar papoula e nutrir a atividade militar com o dinheiro das drogas.

Resta ainda a outra perna do Iraque pós-ocupação que deixamos inexplorada para abordar a problemática iraniana: os curdos ao norte do país, que consolidariam a autonomia que já têm sobre a área que habitam de tal modo que formariam na prática um estado independente, e com o caos que imperaria no restante do Iraque com árabes xiitas e sunitas disputando entre si o espólio do outrora feudo de Saddam Hussein, não tardariam em proclamar a República Curda do Iraque um país independente. Aí começa outro conflito, mais sangrento e prolongado que a guerra contra o Irã. É o que veremos no próximo capítulo.

(Próximo Capítulo: a “Primeira Guerra Mundial do Oriente Médio”. Todos contra o Curdistão).

terça-feira, abril 25, 2006

Momento auto-ajuda água-com-açúcar

Às vezes você precisa renunciar à pessoa que você mais ama para se sentir verdadeiramente livre. Não sei se o Alex já pensou em escrever algo a respeito, mas o amor muitas vezes é uma prisão bem mais torturante e difícil de se libertar do que o comodismo, o patriotismo, a monogamia e outras mais.

sábado, abril 22, 2006

Exercício de Futurologia: O Futuro do Oriente Médio - Parte I de III


A série Reconstituições Históricas, apesar de há algum tempo não ser atualizada, já é notória e caiu no gosto dos leitores do blog. Enveredo agora por uma seara ainda mais perigosa: prever o futuro. E não um futuro longínquo, mas bem próximo, que pode se realizar ainda nesta década. Surpreendi-me por estes dias pensando no resultado da ocupação no Iraque e na derrubada de Saddam Hussein, e também neste conflito com o Irã que cada vez mais toma corpo, porque ao contrário do caso iraquiano, os dois lados querem briga. E invertendo a máxima popular, quando dois querem, não há quem impeça. Apesar de uma intervenção no Irã ser muito mais complexa, dispendiosa e eivada de perigos que a incursão mesopotâmica, por diversos fatores (geografia acidentada, população e território bem maiores, o abastecimento petrolífero do mundo em jogo, etc.), ela não pode ser evitada. Assim como a guerra contra a Alemanha nazista, ela pode no máximo ser adiada, e quanto mais adiada, mais dispendiosa dos pontos de vista econômico e humano será.


Não vamos precisar datas, basta listar a seqüência em que os fatos acontecerão. Comecemos pela intervenção no Iraque: a rixa entre xiitas e sunitas toma cada vez mais corpo, e os curdos no norte, acostumados com a relativa soberania da qual desfrutam desde meados dos anos 90, já não escondem seus anseios separatistas. O regime de Teerã vibra com a possibilidade de que os turbantes negros de Najaf, que têm nos colegas iranianos sua maior inspiração, tomem o poder. Os sunitas, por sua vez, não estão dispostos a largar o osso que roeram durante toda a era Saddam, e temem viver sob o jugo de um regime xiita. Com os fundamentalistas sunitas da Al Qaeda instigando o conflito, ele não demorará a acontecer, mas a meu ver não será uma guerra civil prolongada e sangrenta como foi a da Iugoslávia. Os curdos já possuem um território consolidado no norte e não terão dificuldade de impor a sua autoridade sobre o mesmo, mantendo-o a todo custo longe da anarquia que se espalhará pelo restante do país. Xiitas e sunitas se pegarão para valer, e haverá uma carnificina no início do conflito. Só que, estando na proporção de três para um em relação aos sunitas, e ainda dominando os territórios mais ricos em petróleo, os xiitas não tardarão em subjugar os crentes nas suratas. A guerra será logo vencida por eles, e no processo, as células terroristas da Al Qaeda que hoje operam no país serão desmanteladas: afinal, elas são notoriamente anti-xiitas, e Moqtada Al Sadr e sua trupe não deixarão quaisquer inimigos remanescerem nas áreas por eles dominadas. Os sunitas serão relegados à diminuta e pobre área em que hoje são majoritários numa nação independente, ou viverão como os xiitas viviam na era Saddam, como cidadãos de segunda classe e sempre com o braço pesado do exército do país pairando ameaçador sobre suas cabeças.


O Iraque do Sul, dominado pelos xiitas, despertaria o desdém e a desconfiança de seus vizinhos peninsulares, todos sunitas. A aproximação natural deste estado, portanto, será com o vizinho e também majoritariamente xiita Irã, que estará no caminho de se tornar ainda mais poderoso e ameaçador, uma vez que estenderá sua influência sobre outra grande reserva petrolífera. Este será o estopim da invasão ao Irã. Estados Unidos, Europa, até mesmo Rússia e China, temerão um Irã tão poderoso assim. Não ficarão nas mãos de um regime de clérigos fanáticos capitaneados por um presidente maluco e com venetas apocalípticas. De tal feita que os votos que faltavam para autorizarem o Conselho de Segurança a partir para a solução armada no imbróglio atômico serão angariados, e uma megacoalizão envolvendo OTAN, China, Japão e provavelmente a Rússia, atacará o país dos aiatolás.


(No próximo capítulo: a invasão ao Irã e suas conseqüências. A problemática do Curdistão).

Constatação


Virei uma curiosidade ambulante, uma espécie de erudita aberração circense. Todos parecem lembrar de mim quando querem contemplar um espécime exótico que saiba falar sobre mais do que quatro assuntos que não sejam carros, dinheiro, fofocas ou programação televisiva.

Se essa situação me desagrada? Não sei...

terça-feira, abril 18, 2006

De embustes e folhetins


A imprensa tupiniquim hoje se desmanchou em desvelos e revoltas na data em que o "massacre" de Eldorado dos Carajás completou dez anos. Novamente as imagens gravadas pela câmera que estava no local foram mostradas. E elas continuam mostrando aquilo que sempre mostraram e que qualquer pessoa com dois olhos minimamente funcionais consegue enxergar: uma turba avançando em direção à polícia, que recua; a turba começa a atirar paus e pedras contra a polícia, que recua mais ainda; a malta, ensandecida, avança ainda mais e brande armas brancas e os paus e pedras que ainda tem em mãos, a polícia dispara tiros para o alto, porque finalmente está encurralada pela barricada armada pelos próprios sem-terra para bloquear a estrada. Sem ter para onde recuar, e pressionada pela tropa que avança rapidamente, a polícia faz o que ainda restava: atira.

A pergunta que fica é: o que a mídia esquerdóide queria que a polícia fizesse? Tentasse fazer amizade com a turba que a ameaçava? Debandasse derrotada mesmo sendo superior em armas? Chamasse a mamãe?

Mas a Rede Globo, aquela mesma que dizem ser reacionária mancomunada com as "zelite" para derrubar o Supremo Apedeuta, construiu a tese de que a reação óbvia e natural dos PMs fosse vista e assimilada como um massacre. Instigou milhões de pessoas em todo o país a não acreditar no que seus próprios olhos viam! Nem Goebbels teria feito melhor. No mesmo ano, sabe-se lá por que improvável conjuntura astral, a mesma Rede Globo incluiu um núcleo sem-terra na novela O Rei do Gado. Claro que os sem-terra da novela eram todos íntegros e justos trabalhadores lutando contra a voracidade do latifundiário malvado.

O que não surpreende em nada. Alguém aí lembra de algum personagem de alguma pela da extensa dramaturgia global claramente afinado com ideais de esquerda que não fosse um modelo de virtude, coragem, honradez e outras tantas qualidades que sói os heróis folhetinescos ocorrem reunir? Ou de algum personagem claramente afinado com ideais de direita que não fosse escroque, caricato ou, na maioria dos casos, as duas coisas juntas?

Não vamos longe, para não excluir o leitor que possui pouca bagagem de dramaturgia global. Fiquemos apenas na minissérie deste ano, JK. Os personagens esquerdistas da trama eram, sem exceção, corajosos, belos, íntegros, descolados, jovens, bem-articulados e sempre tendo que lutar contra as armações dos escroques da direita. Estes se resumiam a quatro personagens: um político fraco, uma balzaquiana histérica e mal-amada e dois arquétipos do vilão das tramas globais, desprovidos de virtudes e eivados de defeitos.

Vale lembrar uma cena: O noticiário mostra a tomada do poder em Cuba por Fidel. Abigail, a balzaquiana histérica e mal-amada (para não usar o mais chulo e mais exato termo "mal comida"), critica o grande ídolo das esquerdas continentais. Sérgio, um homem alto, forte, belo, íntegro, virtuoso, respeitador, inteligente, perspicaz, dentre outras qualidades, corta de bate-pronto: "Fidel é um defensor da liberdade".

Ora, há uma clara intenção de alienar os jovens, que dotados da estupidez característica da idade, associam imagem a caráter. Tudo é armado para associar às idéias e pessoas de esquerda as características que o jovem valoriza, como beleza, simpatia e carisma, e à direita, coisas que o jovem abomina, como feiúra, deselegância e histrionismo. Em outra cena, certamente a mais ridícula do folhetim, um posudo Niemeyer esturra sua bravura num barzinho na perifeira Brasília: "Eu apóio Cuba!". Talvez não tenha passado pela cabeça dos espectadores que uma frase idêntica, com os sinais ideológicos trocados e proferida num país socialista, renderia uma indefinida temporada de trabalhos compulsórios em campos de concentração, a grande herança que Lênin deixou à humanidade e que inspiraria Hitler dez anos depois.

quarta-feira, abril 12, 2006

Avisos da semana

Vou passar quatro dias no meio do mato pescando. Estarei, portanto, longe de qualquer contato com a civilização.
Enquanto isso, vocês podem se entreter com o livro do Janer, Como Ler Jornais, uma coletânea de artigos na qual ele, com a experiência de trinta anos de andanças pelas redações dos maiores jornais do país, adverte para o perigo de acreditar em tudo que aparece na mídia, e mostra que a distorção da mesma não é destra, como muitos acreditam ser, e sim canhota. Vocês podem ver passo a passo o processo que transforma bandidos (Fidel, Che, Paiakan) em heróis, embusteiros (Rigoberta Menchú, Neruda, Sholokov) em celebridades, e como se constroem "massacres" como o dos ianomâmis e o de Eldorado dos Carajás.
O livro pode ser baixado aqui. Aproveitem para pegar, na mesma página, outro grande livro seu, A Vitória dos Intelectuais. Vale a pena.

terça-feira, abril 11, 2006

Por que não avisaram antes?

Janer Cristaldo, na sua coluna semanal na Baguete, alguns dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais de 2002:

Como sapo hipnotizado por serpente, o eleitorado brasileiro está perto de eleger o mais inculto, falso e incongruente de todos os candidatos. Nenhum é flor e todos mentem. Mas o PT mente mais. Recebe dirigentes das FARC com tapete vermelho, propõe abrir escritórios da guerrilha no país e, ao mesmo tempo, nega qualquer relação com o terror. Seus governadores estão atolados até o pescoço em negociatas com empresas de lixo, transporte e jogo do bicho, e o candidato fala em combater a corrupção. Fala em democracia e louva Castro e sua ditadura. O partido prega ética e governa com a bandidagem. Qualquer outro candidato que não o do PT, se dissesse a metade do que Lula diz, estaria desqualificado para o pleito.

Como sabemos, o sapo barbudo ganhou as eleições. De lá para cá soubemos de remessas de dinheiro das FARC e de Cuba para o PT, de negociatas escusas com empresas de lixo (Leão Leão), jogo do bicho (Carlinhos Cachoeira e Valdomiro Diniz), e nenhum governo se empenhou tanto em trazer a banda mais podre (pois podres suspeito que sejam todas) do congresso para seu lado (Mensalão). Tomou medidas tipicamente ditatoriais, como expulsar jornalistas estrangeiros por desacato, criar órgãos de censura à imprensa e à cultura, e quebrar sigilos bancários de pessoas que ousam desmentir algum prócer do governo.

Ficamos, então, entre duas possibilidades: ou Janer é um oráculo que tem as chaves que abrem as portas do futuro, ou ele simplesmente compilou escândalos petistas pré-eleitorais que a mídia, esta que dizem estar contra Lula e a serviço das “zelite”, sabe-se lá por quais razões, resolveu abafar. Na época da eleição apareceu apenas o caso das propinas de Santo André, e ainda assim timidamente. Sobre os outros escândalos aos quais Cristaldo se refere neste artigo, nada.

A pergunta, cujo vácuo de respostas fica cada vez mais ruidoso, é: Por que não avisaram o país a tempo?

quinta-feira, abril 06, 2006

Desafio

Depois disso, eu quero ver alguém fazer uma paródia de Alá dançando Macho, macho man. Ia ser bonito de se ver!

quarta-feira, abril 05, 2006

Leiam isto!

Lord ASS, genial como sempre, expondo sua opinião sobre Geraldo Alckmin, eleições 2006 e partidos políticos em geral. Concordo com 90% do que ele diz, e com isso poupo-me de escrever um texto para explicar-me acerca das mesmas coisas.

segunda-feira, abril 03, 2006

Recordar é caçoar

Márcio Thomaz Bastos, ministro da justiça:

"Não, não pode jogar uma galinha na prefeita. É o mesmo que um homem ir passando e jogarem um... Um veado em cima dele".

domingo, abril 02, 2006

Era uma vez...

duas pessoas que se amavam. Elas continuam unidas como antes. Não mais pelo amor, e sim por uma compatibilidade de solidões. Duas solidões tão únicas que apenas uma consegue compreender a outra.

Nunca imaginei que a solidão mútua despertasse uma cumplicidade tão grande quanto a do amor.

sábado, abril 01, 2006

Atualizações

Atualizei a coluna de links, coloquei alguns sites e blogs que há tempos venho lendo e agora finalmente recomendo a todos vocês, e retirei alguns links de blogs que não vinham sendo atualizados ou não existiam mais.

Entram o Apostos, comunidade de blogs, o Instituto Federalista e o Instituto Millenium na categoria sites. Os novos blogs adicionados são os da Alessandra, o da Cris, e o da Nariz Gelado. Mais o melhor blog de economia do país, oDe Gustibus Non Est Disputandum, o do Rodrigo Constantino, outro economista de mão cheia, e o Fischer IT, que tem link para o meu blog e até citou um post meu no mesmo.

Leituras enfaticamente recomendadas.


Meu Profile No Orkut
Bjorn Lomborg
Instituto Millenium
Apostos
Instituto Federalista
Women On Waves
Instituto Liberal
Liberdade Econômica
NovoMetal
Mises Institute
Adam Smith Institute
Wunderblogs
Escola Sem Partido
Diogo Mainardi
Ateus.Net
Aventura das Partí­culas
Sociedade da Terra Redonda
Projeto Ockham
In Memoriam (Fotolog)
CocaDaBoa

O Pequeno Burguês
A Desjanela Dela
Alessandra Souza
Alexandre Soares Silva
Blog Da Santa
Breves Notas
Butija
Cris Zimermann
Canjicas
Diplomatizando
De Gustibus Non Est Disputandum
Fischer IT
FYI
Janer Cristaldo
Jesus, me Chicoteia
Leite de Pato
Liberal, Libertário, Libertino
Livre Pensamento
Meu Primeiro Blog
O Barnabé
Paulo Polzonoff
Pura Goiaba
Radical, Rebelde, Revolucionário
Rodrigo Constantino
The Tosco Way Of Life
Viajando nas Palavras

Anton Tchekhov
Boris Pasternak
Charles Baudelaire
Gabriel Garci­a Márquez
Henrik Ibsen
Pär Lagerkvist
Jack London
Nikos Kazantzakis
Oscar Wilde
Stendhal
William Somerset Maugham

Dogville
American Beauty
Dead Poets Society
A Beautiful Mind
M.A.S.H.
Crash
Once Upon A Time In America
Casablanca
Hotel Rwanda
Eternal Sunshine of a Spotless Mind
A Clockwork Orange
Gegen Die Wand
Pi
Pirates of Silicon Valley

A-Ha
After Forever
Anathema
Anno Zero
Ayreon
Black Sabbath
Emperor
Engenheiros do Hawaii
Helloween
Iced Earth
Iron Maiden
Judas Priest
Lacrimosa
Lacuna Coil
Limbonic Art
Moonspell
Pink Floyd
Scorpions
Stratovarius
The Dresden Dolls
The Sins Of Thy Beloved
Therion
Vintersorg

Bezerra da Silva
Carl Orff
Fágner
Falcão
Franz Liszt
Fryderik Chopin
Ludwig Von Beethoven
Raul Seixas
Richard Wagner
Sergei Prokofiev
Sergei Rachmaninov
Zé Ramalho

Ayn Rand
David Hume
Friedrich Nietzsche
Harold Bloom
José Ortega Y Gasset
Jean-Paul Sartre
John Stuart Mill


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