sexta-feira, setembro 30, 2005

A Globo, anticomunista? Conta outra!


A mentalidade brasileira é governada por engodos, malversações e meias-verdades. Acredito que sempre tenha sido assim, mas nos últimos trinta anos a coisa atingiu níveis realmente patológicos. Depois que uma corja de intelectuais (sic) marxistas passou a dominar a política e o ensino brasileiros, vivemos imersos num mundo de fantasia que as viúvas do cadáver putrefato da ideologia comunista nos induz através de todos os meios. A enganação mais engenhosa que já engendraram é que a grande mídia brasileira é “direitista”.

Ponho-me a imaginar como se pode qualificar de direitistas jornais como Folha e Estadão, que têm Clóvis Rossi e Emir Sader cometendo atentados contra a verdade e o bom senso a cada coluna que escrevem. Não vou citar todos os colunistas de esquerda que escrevem para grandes jornais brasileiros. Encheria um artigo inteiro. Prefiro chegar ao maior mito de todos: o de que a Globo é “neoliberal” e “de direita”.

Não vou longe no tempo para que a falta de memória não permita confusões. Há mais ou menos dez dias morreu Apolônio de Carvalho. A “direitista” Rede Globo ocupou blocos inteiros de seus telejornais (inclusive o Jornal Nacional) enaltecendo como herói da democracia brasileira um stalinista safado que passou a vida inteira lutando, no Brasil e no mundo, para expandir o regime mais criminoso que a história da humanidade já viu. Não faltaram também closes de ícones da esquerda e próceres do governo glorificando um criminoso da história, mas ali era compreensível, afinal eram criminosos falando de criminosos. Desde quando alguém que defendeu até o fim da vida o regime stalinista é “construtor da democracia”? Desde quando uma emissora de televisão que mostra um comunista stalinista como herói democrata pode ser classificada como “de direita”?

É este o resultado de mais de duas décadas de alienação coletiva a que estamos sendo submetidos. Comunistas como Apolônio de Carvalho viram democratas. Ideólogos como Marilena Chauí viram pensadores. Emissoras de TV como a Rede Globo viram direitistas. O pensamento nacional está acossado por uma labirintite aguda: não consegue encontrar os referenciais de posicionamento mais básicos. E não há perspectivas de melhora. Ainda vamos ter que aturar por muito tempo criminosos bastardos como Olga Benário e Che Guevara sendo glorificados como heróis. Mas após a embriaguez sempre vem a sobriedade. O problema é que, no primeiro momento, ela vem acompanhada de uma ressaca daquelas...

segunda-feira, setembro 19, 2005

Rápidas e Mortais


Resolvi mudar o template do blog. Minha vida passa por um pequeno turning point, e gosto de fazer algumas mudanças quando isso acontece.


Adicionei ainda alguns blogs muito bons que há tempos já deveria ter adicionado: Smart Shade Of Blue, o Barnabé e o Breves Notas. Se vocês gostam desse aqui, haverão de gostar ainda mais deles.


E por fim, mudei o link para o Pura Goiaba, que abandonou os Wunderblogs. Alguém sabe por que? Independente de qualquer coisa, o grupo de blogs que até livro já lançou ficou desfalcado de um de seus melhores, talvez do melhor de seus membros. No dia que o Alexandre Soares Silva deixá-lo, terá perdido toda a graça.

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sábado, setembro 17, 2005

Como pude ser tão cego?


Não se iludam. Os cegos, quanto mais a bandagem da escuridão física, psíquica ou ideológica envolve seus olhos, mais acreditam enxergar. Divisam miríades de luzes e matizes de cores que só existem no seu desejo de vê-las. Vez ou outra, a alguns privilegiados (?) ocorre de tais miragens esfumaçarem e um amplo horizonte embebido em doses cavalares do tônico opressor da realidade se descortinar em sua frente. Tão acostumados estão os olhos à confortável escuridão da cegueira plena de certezas que a princípio tudo parece ofuscante e embaçado. Apenas habituando a visão a todos os estímulos se pode começar a tatear com segurança no mundo real.

Essa transição brusca e violenta aconteceu comigo. Houve um tempo em que fui um cego confortável à escuridão de certezas indevassáveis, cuja cegueira eu creditava ao excesso da luz da verdade que era focada em meus olhos. Houve o momento, no entanto, em que me foi dada a chance de ver, num relance, o mundo real, e desde então não faço outra coisa além de explorá-lo, malgrado minha miopia de retina e, por vezes, de intelecto. Retirei de meus olhos duas vendas poderosas, a religião e o socialismo, e consciente de que esse é um feito que muito poucos logram atingir, cheguei a afirmar, deterministicamente, que jamais deixaria de ver as coisas como elas realmente são. Conseguira retirar as maiores vendas já criadas pela humanidade, não seria outra menor que interpor-se-ia entre minha visão e o mundo.

Quão tolo se é quando se arroga a certeza de não se deixar enlevar pelas certezas! A Fortuna*, qual um Heisenberg** diluindo em aleatoriedades um castelo sólido de convicções deterministas, encarregou-se de me mostrar o quão anti-cético meu ceticismo havia me tornado. Tratou de me mostrar a venda mais forte que foi inventada pelas artes do intelecto e da emoção de nossa espécie. Não foi a primeira vez que amei. Mas nunca havia me deixado cegar dessa forma. Não há estratagemas intelectuais, engodos ideológicos ou apelos emocionais subliminares que se equiparem à capacidade das emanações físicas e psíquicas da paixão em tirar-nos a capacidade de perceber o óbvio. Nada como o enlevo de belas palavras, o sussurro de confissões ofegantes ou a reminiscência do frescor de cheiros, do calor de abraços ou da maciez de beijos para levar mesmo o mais empedernido racional a considerar saúde a ardência febril da passionalidade, a sentir frêmitos e palpitações indescritíveis e irrepetíveis como sendo parte integrante e indispensável de seu ser.

Foi muito tempo de cegueira. Dias a fio nos quais a verdade se mostrou às escancaras e eu simplesmente não pude percebê-la. Mesmo quando em relances e soslaios eu conseguia percebê-la, deixava-me arrastar por qualquer brisa de palavras ou gestos para o plasma mareado e confuso que eu denominava verdade. Pessoas que sempre me elogiaram pela perspicácia com a qual sempre pude notar o que se passava melhor que elas mesmas, foram essas pessoas que tentaram reconvocar o febril à tepidez segura da realidade. Nem mesmo depois que ela própria parou de enviar sinais que pudessem me confundir eu quis acreditar que o mundo que eu construíra, e que se me afigurava tão sólido, havia sido arrastado pela primeira brisa, vinda de direção ainda para mim desconhecida.

Mas caiu. Caiu o mundo frágil que eu imaginara ser tão sólido. Caiu finalmente a venda de meus olhos, depois que ninguém mais fizera questão de sustentá-la e eu mesmo desistira de mantê-la por pura birra com o mundo. Caíra mais uma certeza que eu acreditara inexpugnável, e que na verdade era tão frágil que nem mesmo uma ventania foi necessária para derrubá-la. Aos olhos terrivelmente lúcidos com os quais contemplo agora o que restou, percebo que só mesmo alguém muito cego poderia continuar acreditando que tudo aquilo ainda estava de pé enquanto desabava sobre sua própria cabeça.

Ao menos algo me consola: não a construí sozinho. Tive a ajuda dela, às vezes diligente, noutras vacilante, mas sempre constante ajuda dela em erigir aquilo que eu (não sei ela) acreditava ser uma fortaleza quase inexpugnável (ainda havia humildade para incluir um “quase”). Quando começou a cair, ela me fez crer que nada caía. E mesmo sentindo desabar sobre mim, acreditei piamente que a estrutura apenas rangia, que não tão facilmente ruiria. E ainda quando ela própria abandonara o edifício construído à sua própria desgraçada e inevitável sorte, eu continuei repetindo e apregoando que nada caía, que tudo estava no lugar. A essa altura, ninguém mais se esforçava em mantê-la, e não foram poucos os que tentaram me avisar do desastre em iminente consumação. Não os pude ouvir até que uma vaga de razão desvendou-me a miragem na qual tentava me abrigar. Agora, do lado de fora, vejo-a débil, a lamentar nos estalidos sua prolongada agonia. Creio estar sereno o suficiente para ver tudo cair de uma vez. E talvez volte às ruínas para tentar salvar o que restou. Se é que algo restou.

*Para maiores informações, ouçam Carmina Burana, de Carl Orff

**Físico alemão que, em 1927, aboliu o determinismo clássico em favor de uma aleatoriedade intrínseca nos processos naturais.

domingo, setembro 04, 2005

Dublin & Teresina: Semelhanças & Diferenças


Em 1876, Georgie, um jovem de vinte anos, deixava Dublin, desiludido com o provincianismo conservador da capital irlandesa, e partia para Londres, onde esperava obter o reconhecimento que sua cidade natal não podia a ele possibilitar.Nas décadas seguintes, Georgie colecionaria alguns fracassos, mas seu talento terminou por prevalecer: foi reconhecido por todos de seu tempo como um dos melhores no que fazia, recebendo inclusive um Prêmio Nobel.Mas renegou todos os prêmios que sua cidade e seu país a ele concederam, até morrer na provecta proximidade dos cem anos de vida.

Fica claro de quem eu estou falando: do dramaturgo irlandês George Bernard Shaw, cuja memória irreverente me permitiu tratar pelo diminutivo.Ele saiu de Dublin por tê-la considerado uma cidade provinciana e atrasada, que jamais poderia reconhecer o seu talento, e partiu para o centro não só do Império Britânico, mas do mundo na época: a capital às margens do Tamisa.Com um senso de megalomania que por vezes me ataca, comparei um pouco (só um pouco!) a minha situação com a dele.Também tenho vinte anos de idade, também vivo em uma cidade provinciana e com povo de pensamento pequeno, e tenho certeza que, se tenho mesmo talento suficiente para me destacar nas letras, não será aqui que ele receberá o devido reconhecimento.

A Dublin do final do século XIX e Teresina, a cidade onde vivo, guardam impressionantes semelhanças: ambas eram (no caso de Teresina, tudo que eu falar de Dublin no passado deve ser aplicado no tempo presente) capitais das regiões mais pobres de seus países, com um povo de mente pequena contaminado pelo catolicismo, alternando para com os habitantes das regiões mais desenvolvidas um sentimento que ia do ressentimento vitimista à mais abjeta subserviência.E ambas são banhadas por um rio, no caso de Teresina, por dois: o Parnaíba e o Poti.Então ambas são semelhantes em tudo por tudo?

Chegamos precisamente ao momento em que a generalização, depois de se prestar a um papel útil, começa a ser prejudicial, conduzindo a uma polarização de visão.Existem diferenças cruciais entre ambas, já a Dublin do século XIX mantinha diferenças impactantes em relação à capital piauiense na alvorada do terceiro milênio.Dois séculos antes havia dado à língua inglesa Jonathan Swift, autor de As viagens de Gulliver.Nas margens do rio Liffy passeava aquele que uma década mais tarde escandalizaria a sociedade vitoriana com suas excentricidades e seu talento extravagante: Oscar Wilde.Há exatos cem anos, se desenrolava em seus logradouros a ação de Ulisses, de James Joyce, o romance moderno por excelência.Em 1906 nascia outro dramaturgo de escol: Samuel Beckett.Logo após a Primeira Guerra, Michael Collins, em sua bicicleta, espalhava o terror entre os funcionários ingleses que administravam o país.

E em Teresina? Bom, o máximo que conseguiu produzir em literatura é representado por dois homens que foram embora daqui assim que puderam, e que, supremo infortúnio, terminariam morrendo jovens, ainda longe de atingirem o auge de seu talento criador: Mário Faustino e Torquato Neto.As ruas e praças dessa cidade não serviram de palco para nenhum romance relevante sequer para os fracos padrões da literatura brasileira, que dirá fundamental para a literatura universal como foi o clássico de Joyce.Passear nas margens do Parnaíba e do Poti? Só se seu objetivo for apreciar a bela vista dos aguapés que recobrem as águas infectas desses poluidíssimos rios, ou doar compulsoriamente seu relógio, sua carteira e seu celular para um trombadinha qualquer trocar por maconha ou cola de sapateiro.Nem mesmo temos a honra de termos inaugurado o terrorismo moderno, como Michael Collins e o IRA fizeram nos anos vinte.

Tudo bem pesado, eu acho que já sei o que falaria a Bernard Shaw, caso pudesse.Olhando para as suas vetustas e longuíssimas barbas brancas, eu diria:

—Ah, Georgie, quem me dera viver em um buraco como Dublin!

(Texto escrito no meu primeiro blog, no ano passado)


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