Manuela D'Ávila candidata a presidência já!
Quem me conhece um pouco que seja e me vir gritando a frase acima com certeza se indagará se deve me levar ao manicômio ou ao centro de zoonoses mais próximo, afinal Manuela reúne três das características mais abomináveis em um belo ser humano do sexo feminino: é patricinha, comunista e política. Minha defesa à sua candidatura, portanto, se justifica apenas num contexto de agudo distúrbio psiquiátrico, hidrofobia ou por razões meramente estéticas.
“Razões meramente estéticas?” Bradarão os indignados idiotas úteis que ainda acreditam na política tupiniquim, prontos para apedrejar a mulher pecadora. Aliás, o tipo de gente mais perigoso que existe é aquele que faz pouco caso da beleza. Ter consciência e apreciação pelo Belo (não o pagodeiro cheirador de branca, que fique bem claro) é, ao lado do polegar opositor e da bipedalidade, um dos aspectos fundamentais que nos distingue dos demais símios antropóides. Sabe aquele tipo de gente que ao contemplar uma obra de reforma e embelezamento da principal avenida da cidade bufa, com a indignação dos justos, “tantas pessoas sem moradia e saneamento básico e a prefeitura gastando dinheiro com reformas estéticas” (com uma ênfase especialmente derrogatória no “estéticas”)? Pois existe um psicopata genocida em potencial por trás de cada pessoa como essa. Quem admite que a beleza pode e/ou deve ser sacrificada em prol de um “ideal maior” está a meio caminho de acreditar que a vida e a liberdade também o podem. Aliás, possivelmente eles já fizeram o caminho inteiro.
Então é isso. Quero Manuela D’Ávila como candidata a presidente apenas porque não quero ver Dilmão, com aquele jeitão de traveco brasileiro rodando a bolsinha no Bois de Boulogne, e Serra, com sua fisionomia de Mr. Burns acometido de insônia crônica, aparecendo diuturnamente na TV, no rádio, na internet e nas ruas e avenidas, inundando de feiúra um mundo que já tem o funk, a arte abstrata e os programas policiais para agredir e obnubilar (palavra bonita, não?) o senso estético da pós-modernidade. É óbvio que eu não suportaria ouvir nem trinta segundos de um discurso dela, mas isso está longe de ser um problema: nunca vou a comícios e na TV existe sempre a possibilidade de apertar aquele botãozinho chamado “mute”, na mais genuinamente colonizadora grafia anglófona, e deleitar-se com tudo, no mais estrito sentido, que Manuela pode oferecer de útil à política brasileira. Para quem é do estado do Heráclito Fortes, ansiar por um pouco de beleza na política é um clamor mais do que legítimo.